1 pessoa a cada 40 segundos, 800 mil por ano: por que é preciso falar sobre suicídio

Quase 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano, número maior do que o de vítimas de guerra, de homicídio ou de câncer de mama, segundo a OMS.

Por POR Arlaine Castro

Arlaine

A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo. Todo mundo conhece alguém diretamente ou tem referência por terceiros de alguém que tirou a própria vida. Se se fala sobre depois que a morte já ocorreu, por que não falar antes, para que não ocorra?

Quase 800 mil pessoas cometem suicídio a cada ano, número maior do que o de vítimas de guerra, homicídio ou câncer de mama, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde publicado na segunda-feira, 9.

Durante todo o mês de setembro, designado como "Setembro Amarelo", campanhas reforçam a importância de se falar sobre suicídio e assim poder diminuir esse número assustador. Entender e tirar um tempo para ouvir o amigo que anda sumido, o primo que não consegue emprego, o tio que "virou cachaceiro" - essas pessoas estão sofrendo por dentro e são propensas a buscar a morte como "saída" para a dor.

Romper o tabu de que não se deve falar sobre suicídio é uma saída que vem sendo cada vez mais adotada até por governos no mundo inteiro. Falar sobre as tristezas, angústias e decepções da vida também.

Com alto índice de suicídio, o Uruguai é o país das Américas que mais perde pessoas para o autoextermínio. Este ano, o Ministério da Saúde uruguaio tenta uma abordagem mais incisiva contra o tabu. Ele fez um apelo à imprensa com o objetivo de melhorar a abordagem do assunto no noticiário e na mídia.

A data de 10 de setembro é representada como o Dia Mundial para a Prevenção do Suicídio, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que reafirma a importância de todos os países adotarem estratégias de prevenção com eficácia comprovada.

De acordo com o diretor-geral da OMS, é possível evitar o suicídio. Ele diz que, para isso, as nações precisam se mobilizar para implementar ações eficazes e políticas públicas eficientes. Segundo a OMS, apenas 38 países têm programas nacionais de saúde e políticas eficientes de prevenção ao suicídio.

A importância de

combater os "mitos"

Especialistas do Ministério da Saúde do Uruguai entendem que o primeiro mito é justamente o de que não se deve falar sobre o assunto. Eles afirmam que o assunto deve ser tratado, sempre com responsabilidade, nas escolas, nas ruas e nas famílias.

Há ainda outros mitos apontados que são os de que "falar de suicídio estimula mais pessoas a se matar; que quem ameaça se matar não tem uma real intenção e que quem tenta o suicídio uma vez seguirá tentando".

Não. Não é verdade. O suicídio pode sim, ser evitado. Os especialistas uruguaios insistiram que o fundamental é a prevenção e a divulgação de serviços de apoio a quem necessita. Outro ponto muito importante é nunca associar juízos de valor como "coragem" ou "covardia" quando se noticiam suicídios.

Como Vai Você?

No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) atende voluntária e gratuitamente, sob total sigilo, todas as pessoas que querem conversar sobre o assunto. O atendimento é por telefone, e-mail, chat ou voip e funciona 24 horas, todos os dias. A ligação para o CVV, que atua em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do número 188, é gratuita e pode ser feita de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

O CVV é uma das ONGs mais antigas do país. Fundada em São Paulo em 1962, atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, e também por chat, e-mail e pessoalmente. É membro fundador do Befrienders Worldwide e ativo junto ao IASP (Associação Internacional para Prevenção do Suicídio), Abeps (Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio) e outros órgãos internacionais que atuam pela causa.