Mulheres que sustentam sozinhas a família no século XXI

No Brasil, 57,3 milhões de lares eram chefiados por mulheres, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2017.

Por POR Arlaine Castro

Arlaine

Das dificuldades à independência: cada vez mais mulheres sustentam sozinhas a família. Dependendo da realidade e do ponto de vista, essa poderá ser uma situação cada vez mais comum em milhares (se não, bilhares) de famílias pelo planeta num futuro não muito distante.

No Brasil, o número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobrou em uma década e meia, conforme publicação de um estudo pela revista Época em março de 2018 no texto "Em 15 anos, número de famílias chefiadas por mulheres mais que dobra". Um fenômeno que veio sendo observado e debatido com mais fervor desde as décadas de 1980 e 1990.

O número de lares em que mulheres tomam as principais decisõese pagam as contas saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015 — avanço de 105%, aponta o estudo elaborado pelos demógrafos Suzana Cavenaghi e José Eustáquio Diniz Alves, coordenado pela Escola Nacional de Seguros.

Dois anos depois, são 57,3 milhões de lares chefiados por mulheres - isto é - 38,7% das casas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017.

É sobre esse tema que a matéria especial dessa edição aborda depois que uma pesquisa do U.S Census Bureau indicou único grupo familiar que conseguiu diminuir a pobreza. Em "Taxa de pobreza diminui em famílias sustentadas por mulheres nos EUA", o leitor verá uma realidade de milhares de famílias, inclusive de brasileiras que cuidam sozinhas dos filhos nos Estados Unidos.

"Já deixei de ir ao médico porque não tinha dinheiro. Isso no início. Hoje me considero uma vencedora. Minha renda aumentou e consigo criar melhor minhas três filhas", conta uma delas, a goiana Abadia Carvalho, em entrevista especial ao Gazeta News.

Não mais a "coitada"

Antigamente, ser mulher separada do marido e com os filhos para criar era sinal de "fraqueza" e, quiçá, de vergonha para a mulher. Financeiramente e moralmente falando. Felizmente, essa visão patriarcal mudou e hoje milhares de famílias têm a mulher como principal mantenedora - mesmo quando se há cônjuge.

"Embora a maior parte das chefes de família seja daquelas que vivem sozinhas com seus filhos (um contingente de 11,6 milhões de pessoas), a principal novidade do estudo foi o aumento expressivo do comando feminino em famílias onde há um cônjuge. Entre os casais com filhos, o número de mulheres chefes passou de 1 milhão, em 2001, para 6,8 milhões, em 2015, alta de 551%. Já no caso dos casais sem filhos, o crescimento foi ainda maior, de 339 mil para 3,1 milhões, salto de 822%", cita a publicação.

Dificuldades

Desemprego, preconceito, falta de apoio financeiro e emocional. Esses são alguns dos principais problemas das mulheres que se veem à frente (e sozinhas) de uma família para sustentar.

Parecem absurdas, mas essas dificuldades ainda persistem na vida dessas mulheres. Algumas escolheram. A outras, essa realidade lhes foi imposta.

Independência

Apesar das dificuldades, há quem enxergue hoje, uma gostosa sensação de liberdade com a independência adquirida.

"Às vezes acho que não vou conseguir, mas quando me lembro de tudo que passei sem eles, tenho força pra seguir em frente. Já tive sim, medo de não conseguir pagar minhas contas e não conseguir manter meus filhos, mas, hoje eu sou o que eu nunca imaginei que conseguiria ser um dia, INDEPENDENTE, pois era o que eu ouvia e quase cheguei a acreditar nisso!", diz Viviane Leite, outra entrevistada que, como tantas outras brasileiras nos EUA, sustenta sozinha os três filhos menores de idade em New Jersey.