Morte, prisão, deportação - a travessia ilegal para os EUA

A esperteza dos atravessadores - conhecidos popularmente como "coiotes"- aliada ao desespero de uma pessoa, resulta na travessia ilegal.

Por POR Arlaine Castro

Arlaine

Deslocar para outros territórios em busca de viver em um outro país requer mais do que fazer as malas e botar o pé na estrada. A imigração ilegal acaba se tornando a única opção viável para milhares de pessoas que não conseguem (muitas nem tentam) a entrada legal por meio do visto.

Cruzar a fronteira dos Estados Unidos com o México é escolhida por muitos brasileiros e imigrantes de outros países das Américas Central e do Sul como opção para fugir da violência e pobreza. Mas colocar em risco a própria vida, além da vida de menores que nem fazem ideia do que está acontecendo é, no mínimo, uma irresponsabilidade.

Muitas vezes, a esperteza dos atravessadores ou "coiotes" aliada ao desespero da pessoa resulta no processo de travessia ilegal. E já virou um "negócio" que movimenta milhares de dólares e reais. Enquanto alguns se endividam, outros lucram. Quem se lembra do grupo de imigrantes brasileiros que sumiu nas Bahamas em novembro de 2016 ao tentar a travessia de barco para a costa americana?

Prisão ou morte - vale o risco?

Se são presos e deportados ou conseguem atravessar, a verdade é que a maioria entende que vale o risco. Até que acontece uma morte, é claro. Que não são poucas, convenhamos.

Só em 2018, os números oficiais indicam que 283 pessoas de diversas nacionalidades morreram na travessia da fronteira entre o México e Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, há registro de apenas três casos de desaparecimento e dois falecimentos confirmados de brasileiros na tentativa de travessia. Para o Itamaraty, esse total não representa a realidade.

Quanto às prisões, 2019 teve o maior número de apreensões desde 2007 e setembro foi o mês que registrou menor número - quase 40 mil contra quase 133 mil apreensões em maio na fronteira sul dos EUA - o mês mais baixo deste ano fiscal, segundo uma fonte familiarizada com os dados do U.S Border Patrol.

Os dados estão contidos na matéria "Quase 1 milhão de pessoas foram presas em 2019 na fronteira EUA-México". "No final do ano fiscal, veremos números mais que o triplo do recorde de unidades familiares chegando na fronteira, com mais de 500 mil e número recorde de menores não acompanhados", disse Kevin McAleenan, secretário interino de Segurança Interna, na segunda-feira (7).

Como evitar a ideia da travessia?

Devolver imigrantes ao México, ameaçar com a cobrança de tarifas àquele país fronteiriço, construir tribunais temporários de barracas ao longo da fronteira sul e transferir bilhões de dólares em fundos de construção militar para construir um muro na fronteira. Essas foram algumas ações tomadas pelo governo de Donald Trump desde que entrou na presidência.

Mas, mesmo assim, a travessia ilegal não acaba. Não vai acabar nunca. O que pode acabar é a facilidade da entrada não autorizada. E essa é uma verdade que não dá pra negar. Seja na Europa, onde cidadãos de países em guerra como a Síria se arriscam em botes pelo Mediterrâneo para chegar até a Grécia ou Itália, sejam os brasileiros, hondurenhos ou mexicanos para os EUA.

Uma RJ a cada cinco anos

De acordo com Eduardo de Freitas, no texto "O número de imigrantes nos Estados Unidos", publicado no portal Brasil Escola, "para se ter uma noção do que está acontecendo nos Estados Unidos, é como se a cada cinco anos emergisse no país uma cidade com uma população equivalente ao Rio de Janeiro. De acordo com estimativas, o número de imigrantes (legais e ilegais) que vivem nos Estados Unidos é de aproximadamente 28 milhões de pessoas, em 1930 essa parcela da população era três vezes menor", cita.

Travessia, morte, prisão, deportação - vale tudo?