Saúde - o acesso a esse bem custa tão caro

É um "toma lá, dá cá" que envolve o governo, empresas de seguro, hospitais e cidadãos. Não é por menos que custear um tratamento pode endividar uma família.

Por Arlaine Castro

Arlaine

Uma dor de cabeça que não passa, uma dor de dente, uma fincada na coluna. Tantos são os sintomas de dores que às vezes sentimos e que só assim percebemos o quão frágil é a nossa saúde. Mas, afinal, por que os cuidados com a saúde acabam, muitas vezes, nos trazendo mais dor de cabeça? Como pagar por um tratamento se não tenho a quantia que pedem? Estas questões fazem parte do dia a dia e neste momento estão passando pela cabeça de muita gente.

A saúde é um mercado milionário. Um estudo realizado pelo The Commonwealth Fund aponta que os Estados Unidos investem 16,6% do PIB (Produto Interno Bruto) em cuidados com a saúde. A título de comparação, o Brasil tem 9,5% do PIB investido na área.

É um "toma lá, dá cá" que envolve o governo, empresas de seguro, hospitais e cidadãos. Não é por menos que custear um tratamento pode fazer uma família ficar endividada por anos. Há quem hipoteque a casa para poder pagar. Há quem desfaça do carro, das joias, da herança.

Em 2017, a pesquisa "Índice de Qualidade e Acesso a Serviços de Saúde (QASS)" sobre a qualidade e acesso a serviços de saúde no mundo todo feita sob dados de 2015 e baseada na mortalidade relacionada a doenças que poderiam ser prevenidas e tratadas (como sarampo, epilepsia e apendicite que já têm métodos de prevenção e tratamento amplamente conhecidos mas, ainda assim, levam a milhares de mortes a cada ano no mundo), mostrou que poucos países conseguem dar a seus cidadãos um acesso digamos, humano e justo, aos cuidados com a saúde.

Andorra, Islândia, Noruega, Suécia, Austrália, Canadá - estes no topo, claro. Já países como a República Centro-Africana, Somália e o Afeganistão são os últimos na lista da qualidade do acesso à saúde. Estados Unidos aparecem no segundo quadrante de qualidade e o Brasil fica mais ou menos na metade. Um pouco para os melhores, ainda bem.

O acesso, nesse caso, inclui, além da qualidade do tratamento, o fato de o cidadão conseguir custeá-lo sem precisar se endividar por muito tempo.

Na matéria especial desta edição - "Flórida é o 7° estado com alto custo para cuidados com a saúde, aponta pesquisa", trabalhamos com pesquisas e dados que mostram como está a realidade do acesso à saúde no país e no estado: menos gente pagando plano de saúde alegando que estão muito caros e mesmo aqueles que possuem cobertura por meio do Affordable Care Act ou o Medicaid se mostram preocupados com a perda de cobertura.

Como pontos citados por entrevistados para uma pesquisa sobre os altos custos dos cuidados com a saúde estão os hospitais que cobram muito dinheiro e as empresas farmacêuticas que acabam aumentando preço de remédios.

Com sistemas bem diferentes, os EUA e o Brasil vão lutando para dar o melhor dos cuidados à saúde para o seu povo. De um lado, o Brasil que tem ambos: tanto o sistema público pelo Sistema Único de Saúde (com muitas falhas e falta de investimento, de assistência médica e de material) como o sistema privado, com diferentes planos de saúde (que também são caros para grande parte da população).

Do outro lado, os EUA onde não há um sistema público de saúde, somente programas do governo que ajudam os mais necessitados - desde que se qualifiquem, é claro - mas em termo de qualidade, é excelente.

No texto, "O desafio da saúde no mundo", publicado pelo site Funcional Health Tech, consta que "a saúde é um setor econômico que nunca para". Mas traz um certo alívio quando afirma que "é possível perceber que independente de formato, os países estão migrando de um modelo baseado em volume de serviços para um que se baseia no valor trazido pelos serviços. Ou seja, em resumo: gerar o melhor resultado com o menor custo".

Que assim seja.