Menos filhos - uma tendência mundial

Em 1950, as mulheres tinham em média 4,7 filhos durante a vida. A taxa de fecundidade diminuiu pela metade, chegando a 2,4 filhos por mulher no ano passado.

Por Arlaine Castro

Arlaine

Hoje, é possível conhecer casais que simplesmente não querem ter filhos. Mulheres que optaram por não se tornar mães. Tal fato já deixou de ser uma "obrigação" (como a sociedade das décadas anteriores impunha) e passou a ser uma escolha. Por medo, por raciocínio lógico, por vontade.

Como o tamanho de uma população é uma mistura da taxa de fecundidade, de mortalidade e de migração, a queda na taxa de fecundidade está levando à redução expressiva da natalidade em todo o mundo. Assim, o mundo caminha para novo tipo de sociedade. Aquela na qual um casal tinha 10 ou 5 filhos já está ficando para trás.

Mesmo com 3,791,712 nascimentos em 2018, o crescimento da população americana está quase estagnado. Mas essa realidade bate à porta não só dos Estados Unidos, não só do Brasil. Quase metade dos países se encontram abaixo do chamado nível de reposição. Ou seja, o volume de filhos por família é insuficiente para manter o tamanho da população nesses locais no futuro. Mas não quer dizer que isso seja ruim. Como explica George Leeson, diretor do Instituto de Envelhecimento Populacional de Oxford, no Reino Unido, que disse que não precisa ser algo negativo, "desde que toda a sociedade se ajuste à grande mudança demográfica".

Ainda, a velocidade e o modo como o ser humano tem usado itens indispensáveis à vida, como a água potável e as árvores, retirando e não repondo o suficiente de volta à natureza, também é preocupante. Diversas cidades já sofrem com a diminuição de água potável e vivem em racionamento. Imaginem daqui a 50, 100 anos, como a Terra estará. Será que a luta para economizar esse bem está sendo em vão?

Pensando assim, muitas dessas mulheres e homens que optam por não ter filhos justificam suas escolhas. "Pelo futuro da humanidade", diz um. "Como vou deixar um filho num planeta onde já não está havendo água para todo mundo e isso gera até briga"?, escreve outro em posts na internet relacionado ao tema.

Tais informações sobre a diminuição dos nascimentos no mundo são de uma análise do estudo Fardo Global das Doenças 2017 (GBD, na sigla em inglês), publicado na revista científica Lancet em 2018. O estudo acompanhou a evolução da taxa de fecundidade em 195 países e territórios de 1950 a 2017.

Por exemplo, o estudo cita que, em 1950, as mulheres tinham em média 4,7 filhos durante a vida. A taxa de fecundidade diminuiu pela metade, chegando a 2,4 filhos por mulher no ano passado.

Segundo os estudiosos, sempre que a taxa de fecundidade média de um país cair abaixo de aproximadamente 2,1, as populações vão acabar encolhendo (esse processo é acelerado em países com altas taxas de mortalidade na infância).

Outro relatório lançado globalmente em 2018, a "Situação da População Mundial", do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa-ONU), mostrou que a família brasileira tem uma média de 1,7 filho - na década de 1960, essa média era de 6 filhos.

Um dos motivos mais percebidos é que, à medida que avançam economicamente, os países apresentam queda na taxa de fertilidade. A redução está associada principalmente a dois fatores - maior acesso das mulheres a educação, com consequente maior participação no mercado de trabalho, e maior acesso a métodos contraceptivos.

Por isso, a matéria especial desta edição - Flórida segue tendência nacional em diminuição de nascimento de crianças - traz dados oficiais sobre a constante queda de natalidade nos EUA e no estado, além de depoimentos de um casal jovem que decidiu não ter filhos.

Referência: Matéria 'Quase metade dos países tem nascimentos insuficientes para evitar declínio da população', publicada pela BBC News.