Coronavírus e enchentes: uma epidemia global
Já vivemos uma epidemia global. E não é só de doenças ou das ocorrências climáticas, mas uma epidemia de atitudes inadequadas tomadas pelo ser humano.
Parte do mundo luta contra um vírus novo que está matando pessoas e se espalhando rapidamente pelo globo. Outra parte luta contra fortes enchentes que, mostrando o ímpeto da força da natureza, destrói cidades inteiras e também tira vidas no sudeste do Brasil.
Parece que já vivemos uma epidemia global. E não é só da doença ou das ocorrências climáticas, mas uma epidemia de atitudes inadequadas tomadas pelo ser humano que acabam por acarretar essas tragédias. Um vírus não é transmitido "do nada" para o ser humano e as chuvas não são as culpadas pelas mortes nas enchentes e deslizamentos de terras.
A China registra 98% das infecções pelo novo vírus - a doença identificada como 2019-nCov - um novo tipo de coronavírus - que já deixou pelo menos 132 mortos na China e mais de 6.065 pessoas infectadas em 18 países, na contagem feita até quarta-feira, 29.
Os números já superam o número de infecções da epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) de 2002 e 2003, outro coronavírus que contaminou 5.327 pessoas no país. A Sars deixou 774 mortos no mundo, 349 deles na China continental.
Um dia antes, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alterou a classificação de risco de propagação do vírus de "moderado" para "alto". Dentro da China, o risco de contaminação é considerado "muito alto".
Desde o registro do primeiro caso da doença, em 16 de dezembro de 2019, a China já contabiliza os prejuízos para a economia global. Há quem diga que o governo foi negligente ou até mesmo agiu deliberadamente para que o vírus se espalhasse. Suposições não confirmadas, é claro.
A verdade é que mais de 40 milhões de chineses na área afetada foram colocados de quarentena. Serviços sanitários das Forças Armadas foram despachados para a região do epicentro que mais parece uma cena de filme de terror. Pessoas não podem sair de casa, quando saem, devem usar máscaras, luvas e qualquer outra peça de proteção. Funcionários do governo usam aquelas roupas "de astronautas" que confirmam a seriedade da transmissão do vírus em escala até então não imaginada.
Sim, já vivemos uma epidemia global. De destruição e de medo. Por exemplo, a partir do momento em que passamos a nos alimentar de animais e insetos, corremos o risco de contaminação. Mais ainda quando são animais como ratos e morcegos - cuja população de alguns lugares têm o hábito de comer.
Um estudo divulgado pela "Science China Life Sciences", patrocinado pela Academia Chinesa de Ciências de Pequim, aponta que o coronavírus que surgiu na cidade de Wuhan está estreitamente relacionado a uma cepa existente em morcegos. Tão logo foi divulgado esse resultado, começou-se a especular que a ligação entre o animal e humanos seria uma sopa largamente consumida na cidade, que é feita com o mamífero inteiro, de barriga aberta.
Porém, o estudo não confirma que a ingestão da sopa que fez o "link" entre o vírus hospedado no mamífero e humanos. A pesquisa aponta a possibilidade de um hospedeiro intermediário, que seriam cobras, uma vez que o coronavírus, identificado como 2019-nCoV, se assemelha com o vírus encontrado em répteis.
No que diz respeito às tragédias relacionadas às chuvas, a imprudência de se construir em áreas irregulares como morros e encostas, acaba acarretando fatalidades. O homem vem transformando a Terra há milhares de anos. Como o planeta fornece recursos que são exploráveis pela espécie humana para fins úteis, muitos locais onde a natureza prosperava livremente foram modificados. Animais são domesticados e a agricultura cultivada em larga escala. Mesmo antes da descoberta do fogo, a humanidade já vinha transformando o meio ambiente para suprir todas as suas necessidades de sobrevivência.
Eis a resposta: intoxicação do ar e da água, chuva ácida e substâncias tóxicas, desmatamento, perda da vida selvagem, extinção de espécies, degradação e esgotamento do solo. Ah, e vários tipos de vírus.