Conectando Mulheres, defendendo direitos

"As mulheres querem fazer parte da política, ser candidatas, eleitas e exercer o poder nos espaços de tomada de decisão. Querem construir e fortalecer as democracias."

Por Arlaine Castro

Arlaine

Nada é mais forte do que um grupo de pessoas. Quando se diz que a "união faz a força", é verdade. Com tanta violência generalizada pelo mundo, um alento são grupos e associações que tentam combater esse mal. No Brasil, um dos países cuja estatística é bem pesada, uma mulher é agredida a cada quatro minutos.

Com a iniciativa "Conectando Mulheres, defendendo direitos", a ONU Mulheres e a União Europeia firmaram na quarta-feira, 5, em Brasília (DF) um acordo de cooperação para a prevenção da violência e a proteção de mulheres defensoras dos direitos humanos.

O projeto é uma resposta às crescentes ameaças e perseguições e aos diferentes tipos de violência contra mulheres defensoras de direitos humanos no mundo. Foi apresentada a parlamentares brasileiras e brasileiros, membros da sociedade civil, do corpo diplomático e de outras representações da comunidade internacional.

De acordo com o Relatório das Nações Unidas sobre a Situação das Mulheres Defensoras de Direitos Humanos, de 2019, as defensoras de direitos humanos são "mulheres atacadas por promover e proteger os direitos humanos por causa de sua identidade e por causa do que elas fazem".

A maior parte está "envolvida na defesa dos direitos humanos voluntariamente, fora das funções profissionais ou relacionadas ao emprego", define o documento das Nações Unidas.

Segundo o relatório, as mulheres defensoras de direitos humanos são, muitas vezes, percebidas como aquelas que desafiam as noções tradicionais de família e os papéis de gênero na sociedade, uma percepção que pode gerar hostilidade por parte dos agentes estatais e do público, da mídia e de outros agentes não estatais.

"Elas podem ser estigmatizadas e colocadas no ostracismo por lideranças comunitárias, grupos religiosos, vizinhança e comunidades que acreditem que elas e suas ações ameaçam a religião, a honra, a cultura ou o modo de vida."

Para a representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya, as mulheres estão à frente de importantes movimentações no mundo para promover a igualdade. "As mulheres querem fazer parte da política, ser candidatas, eleitas e exercer o poder nos espaços de tomada de decisão. Querem construir e fortalecer as democracias."

"Querem salário igual, trabalho decente e serem beneficiadas pelas riquezas econômicas que geram. Querem decidir sobre os próprios corpos e serem donas das próprias vidas. Elas defendem territórios e povos tradicionais."

"Num mundo de desigualdades, as mulheres desafiam poderes, e isso lhes coloca em situação de vulnerabilidade a diversas formas de violência e risco de morte. Elas defendem os direitos de cada uma e cada um de nós. E é nosso dever defendê-las e proteger os direitos das defensoras de direitos humanos", disse Divinskaya.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, ressaltou a importância da parceria da União Europeia com ONU Mulheres em defesa da igualdade de gênero e em apoio ao sistema multilateral.

"A nossa presença aqui, a nossa parceria com as Nações Unidas e com a ONU Mulheres na ação conjunta lançada hoje é, mais uma vez, a expressão do firme compromisso da União Europeia na promoção, proteção e defesa dos direitos humanos e do nosso empenho para alcançar a igualdade de gênero na Europa e no mundo."

Conexões por mulheres e direitos

No lançamento do projeto "Conectando Mulheres, defendendo direitos", a União Europeia e a ONU Mulheres reforçaram o pedido para que o Brasil e a comunidade internacional se somem à agenda de proteção às defensoras dos direitos humanos no país.

É hora de mobilizar ações para prevenir e proteger efetivamente os direitos das mulheres defensoras de direitos humanos e apoiá-las com financiamento para que elas possam continuar seu trabalho em direitos humanos.

Ou seja, as mulheres que estão construindo a igualdade no mundo também são vulneráveis. Texto: ONU Mulheres.