Oportunidades

Por Marcelo Mello

dinheiro

As coisas andam esquisitas. Meio paradas, gente sem saber aonde ir, que caminho seguir nessa crise danada que assola o Brasil. A coisa só piora. Alguns empresários bilionários vivem dando conselhos bobos, tolos, daquele tipo que mais irrita do que ajuda. Falam que é na crise que surgem as oportunidades, que é preciso arregaçar as mangas, trabalhar muito e aproveitá-las, blá blá blá.

Já falo sobre criar oportunidades, porque é mesmo necessário. Agora, quero falar sobre esse papo de aproveitá-las. Primeiro que as que surgem numa crise são necessariamente desagradáveis porque é como se estivéssemos nos aproveitando da fragilidade alheia. O capitalismo é cruel, eu sei, sou partidário, mas ainda assim me soa mal um bilionário fazer o papel de abutre.

Segundo, porque para quem já tem seu bilhão, por competência ou maracutaia, é bem fácil falar essas coisas. Para quem está desempregado ou tendo que fechar as portas de seu negócio, a coisa é um tioquinho só mais profunda. Deveriam pensar antes de falar, mas acho que o excesso de dinheiro deve bloquear o cérebro. Como sugerem que um desempregado arregace as mangas e... trabalhe? Só bebendo mesmo para entender essa gente e... eu não bebo.

Para quem fecha seu comércio, por exemplo, ou perde seu emprego tentando encontrar o equilíbrio emocional para seguir adiante, não é nada fácil. Já vi bem de perto outras crises e lidei com empresários que não conseguiram se manter. É bem triste.

E não venham com aquele papinho de “quem não tem competência, não se estabelece” porque num país como o Brasil, onde você não consegue nem planejar o dia seguinte, por si só isso cai por terra. Além do mais, pensar de modo tão simplista é preguiça.

Voltemos ao “criar oportunidades”. Sim, não dá para ficar parado esperando que Deus, aquele amigo imaginário de todos nós, olhe lá de cima e atire uma oportunidade em seu colo. Ele deve ter coisas muito mais importantes para fazer, convenhamos.

Mas Ele envia sinais. E costumo traduzir esses sinais como sendo aquela voz interior que nos faz seguir à direita ou à esquerda: A intuição. Não se iludam, todos nós somos intuitivos, a diferença está em quem dá e quem não dá ouvidos a ela.

Sei que quem fecha as portas de um negócio ou perde o emprego de uma hora para outra não está lá muito, mentalmente, sossegado para pensar em criar oportunidades. Mas é preciso fazer um esforço além da capacidade normal. E isso não vale só para momentos de crise. O tempo todo temos que tentar arrumar energia para criar as oportunidades.

Pelo que ando vendo, ultimamente há muita gente querendo criá-las no exterior. É grande o número de pessoas que está buscando algo fora do Brasil. É difícil? Óbvio que sim, não vou iludir ninguém, mas como sempre digo, difícil mesmo é criar oportunidades num país que está em crise desde 1500.

Ainda voltarei a esse assunto porque há ferramentas e estratégias que podem ajudar.