O nosso planeta Terra possui um orçamento, não muito diferente dos orçamentos calculados por empresas, governos e domicílios, mas, além de envolver os custos e as perdas financeiras que a extração ou destruição de seus recursos naturais podem provocar para vidas humanas e demais seres, o orçamento da Terra abrange a capacidade dela suportar nossos atos, demandas e o seu possível processo de exaustão.
O orçamento da Terra é referente à cota de recursos naturais e às condições propícias à vida que a sua natureza química, física e biológica pode oferecer anualmente para todos os seres vivos, principalmente, para o ser humano. Segundo a ONG WWF e a Global Footprint Network (Rede Global da Pegada Ecológica), no dia 20 de agosto de 2013, a humanidade já havia esgotado a cota de recursos naturais passíveis de serem extraídas em 2013. Ou seja, todos os recursos naturais que poderiam ser extraídos e transformados para atender a todas as demandas humanas em 2013, foram consumidas quatro meses antes do ano terminar.
O dia 20 de agosto de 2013 foi batizado como o Dia da Sobrecarga da Terra, marco anual assinalado pelos pesquisadores no dia em que a cota de consumo humano ultrapassa a capacidade disponível para a renovação da Terra. As pesquisas realizadas pela ONG WWF e pela Global Footprint Network, consideram a demanda sobre todos os recursos naturais utilizados na produção de alimentos e demais atividades; o valor da pegada ecológica da humanidade no planeta, que leva em conta o nível de utilização de matérias-primas em relação a real capacidade de regeneração natural da Terra ou do ritmo de reciclagem de resíduos realizada pelo homem.
Em oitos meses, entre janeiro e agosto de 2013, a humanidade extraiu tudo que poderia da natureza, acima das condições de oferta de recursos naturais e de regeneração natural para manutenção dos mesmos recursos. Entre setembro e dezembro de 2013, segundo os cálculos de especialistas, o planeta sobreviveria no “vermelho”, com baixa capacidade de regeneração, ampliando os riscos de danos ao meio ambiente e às espécies de animais.
Sabemos que entre os anos de 1800 e 2010, a população cresceu de 1 bilhão para 7 bilhões de pessoas, a economia cresceu 50 vezes, a distribuição de renda se concentrou gerando aumento da miséria no mundo e maior interferência na natureza para a extração de matéria-prima que pudesse atender ao ritmo de produção industrial e comercial da humanidade. A metodologia vigente até o início do século XXI, que implementou o pensamento da produção para o maior consumo possível (sociedade de consumo) tem comprometido o equilíbrio ambiental e climático no planeta, diminuindo a coberta de florestas, comprometendo as fontes de água potável, a sobrevivência de espécies da fauna e flora; e pondo em risco a regeneração das fontes de recursos naturais para a manutenção da própria economia produtiva, atualmente, referida como economia de destruição.