Os desafios de ensinar um idioma pela internet

Por Rodrigo Maia

A elaboração de um material didático voltado para o ensino de um idioma pressupõe uma série de etapas relacionadas a uma política de língua e, por conseguinte, a um planejamento linguístico. Estas questões iniciais permeiam tudo o que será produzido, testado, avaliado e aprovado pelos responsáveis pela elaboração do material. É preciso levar em conta o suporte em que o material será apresentado ao aluno.

Se for um livro impresso, por exemplo, é fundamental saber se será um livro apenas teórico ou se haverá, também, exercícios a serem feitos pelos alunos. Em caso de ter exercícios, faz-se importante entender se a correção será feita por um professor, presencialmente, ou se será feita pelos alunos de forma autônoma. Se acontecer essa autonomia, os estudantes poderão ter acesso às respostas no final do livro ou em outro volume anexo.

Atualmente, o que se dialoga muito nas universidades é o caso de o material ter o suporte em um ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, na internet. O planejamento muda de forma completa, pois os modelos de interação são outros. Professor, aluno e material interagem por meio de situações comunicativas diferentes. O acesso ao mundo on-line faz com que a figura do professor seja alterada profundamente. A autonomia do aluno cresce de forma substancial, e o material didático precisa prever as atividades de situações comunicativas em um outro modelo. É justamente neste modelo de aprendizagem virtual de idiomas que surgem as dúvidas. Afinal, as fronteiras entre os países falantes de línguas diferentes precisam ser rompidas. Não há mais tempo, espaço e condição financeira para que cada usuário possa visitar o país de origem da língua. A internet, por sua vez, diminui as distâncias ao fazer com que os usuários de cada língua possam interagir. Da mesma forma, a internet proporciona a possibilidade de estudo em ambientes virtuais de aprendizagem elaborados em diferentes localidades com o objetivo de atingir centenas de usuários de outras línguas e países ao mesmo tempo. Milhares de estudantes podem ter esse acesso.

Surge, portanto, a reflexão: quais são os procedimentos e estratégias metodológicas que devem ser utilizadas para desenvolver um material didático de Língua Portuguesa, por exemplo, em um ambiente e-learning, para falantes estrangeiros? Vale lembrar que é necessário pensar a partir de uma perspectiva em que o aluno possa obter as quatro habilidades necessárias para aquisição de um idioma: ouvir, falar, ler e escrever, sem perder de vista todas as características idiomáticas da língua em questão.

Por essa razão, a opção deve ser por metodologias didático-pedagógicas significativas e sistematizadas, apresentadas por meio de ferramentas tecnológicas, em que convergem a comunicação, a gramática e a cultura.

O estudante estrangeiro que trabalha em uma perspectiva on-line precisa fazer o uso efetivo da língua por meio de expressões coloquiais e idiomáticas em contextos diversos, tanto na modalidade oral como na escrita, em situações cotidianas reais para, assim, tornar-se um usuário competente no idioma.

Mas, como as universidades estão se preparando para essa realidade? Como os professores de uma língua estrangeira podem atingir, pela internet, os usuários de todas as partes do mundo, com a mesma qualidade de uma aula presencial, sem perder de vista a realidade do dia a dia de um idioma? Há muito diálogo para surgir. As fronteiras precisam ser rompidas, e a internet é o caminho. Há ainda quem duvide desse cenário? A reflexão está lançada.