Os desafios e o orgulho de ser um soldado de guerra

Por Simone Raguzo

Treinar duramente e ter de vencer os medos de um futuro incerto são compensados pela satisfação em poder defender o país e, ainda mais, participar de ajudas humanitárias em países sofridos e necessitados.

É assim a vida de um soldado, como o americano Gregg Cardin, 35 anos, natural de Chicago, e que atualmente vive em Miami.

Descrito por ele mesmo como um jovem delinquente saindo da High School e não querendo ingressar, naquele momento, em uma universidade, Gregg, aos 18 anos, viu no Exército a oportunidade de mudar sua vida.

“Apesar dos problemas triviais que eu tinha até então, o Exército me aceitou. Fiquei muito grato, pois eu senti que isso daria uma direção positiva ao meu futuro”, conta.

Gregg iniciou nas forças armadas para prestar atendimento na área da saúde durante os combates. Dezessete anos depois, o americano é um enfermeiro anestesista oficial do exército.

Ele já esteve em aproximadamente 25 estados americanos e em países de extrema pobreza, trazendo na memória cenas de horror e emoção. “Um dos benefícios de ser médico no exército é pode participar de missões humanitárias”, destaca.

Em 1999, Gregg foi enviado a Honduras, após o furacão Mitch devastar o país. “Atendemos milhares de pacientes no mês que estivemos lá, dando-lhes vacinas e fornecendo assistência médica necessária”.

Em março de 2005, visitou El Salvador, para dar atendimento médico em missão de agradecimento pelo país ter enviado 1,5 mil soldados ao Iraque para ajudar os EUA.

Em outubro de 2005, foi destacado para o Iraque, durante um ano, para trabalhar no Hospital da Força Aérea, em Balad. “Lá eu trabalhava com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cuidando de soldados de forças americanas e da coalizão, além de soldados e civis iraquianos”, lembra.

Superação do medo

Além da disposição para trabalhar longas jornadas e estar sempre em alerta, é preciso vencer o medo em cada missão. “Quando cheguei ao Iraque, país devastado pela guerra, eu estava com medo, principalmente, a cada explosão de bombas nas proximidades. Mas, como cada experiência tensa na vida, fui me adaptando. O Iraque, como um todo, foi um evento inesquecível. Cada dia que eu estava lá, cuidando de pacientes feridos, partia meu coração. No entanto, foi muito gratificante poder cuidar de soldados e civis feridos, apesar do horror da guerra”, conta.

Mesmo estando, atualmente, na reserva do Exército, exercendo sua profissão em hospitais de Miami e levando uma “vida normal”, Gregg tem a obrigação de ir, um final de semana por mês e duas semanas no verão, para uma unidade de treinamento. “Muitos dos meus colegas de trabalho não têm ideia de que estou no serviço militar”, conta. Entretanto, soldados como ele são, normalmente, enviados à guerra a cada dois anos. E ele já sabe qual será sua próxima missão.

“Tenho a sorte de estar indo para Landstuhl, na Alemanha, em julho deste ano, onde ficarei três meses. Lá vou prestar os cuidados necessários para os soldados feridos no Afeganistão”, revela. Enquanto cumpre seu papel de soldado, sua noiva, a brasileira Aline Melo, 31 anos, aprende a conviver com a ansiedade. “Eu tenho pavor só em pensar na possiblilidade de que alguma coisa possa acontecer com ele. Por outro lado, tenho muito orgulho de ser noiva de um soldado como o Gregg. Eu o admiro muito por sua garra e por tudo que ele já fez por esse país”, afirma.

Para Gregg, o exército traz benefícios para além da área educacional, profissional e de saúde. “Eu comparo o exército com um casamento, com bons e maus momentos. Apesar de sofrer com a ausência da família e amigos, eu acredito que, sem o Exército, eu não estaria onde estou hoje. Trabalhamos lado a lado com pessoas interessantes, temos viagens inesquecíveis. Aprendemos a ser melhores sempre, seja no serviço militar ou como civil”, finaliza.