Instalou-se a guerra, pelo menos de ideias por enquanto, entre o presidente e o Congresso que, em breve, será assumido pela maioria republicana. A guerra está centrada no que o presidente prometeu fazer: usar o poder executivo em relação à reforma imigratória.
Esta semana, o senador John Barrasso, Republicano-Wyo., disse que o que o presidente fizer nos próximos dois meses definirá o tom do relacionamento entre ele e o Congresso pelos próximos dois anos. Mas o tom não é só em relação à imigração, ele disse, mas em relação a tudo.
Como sabemos, no começo do ano o presidente prometeu que usaria o poder executivo em relação à imigração até o final do verão passado. Com sua baixa popularidade e a aproximação das eleições da semana passada, democratas pediram um adiamento da ação para que não perdessem mais do que acabaram perdendo.
Republicanos ganharam a maioria do Senado e mantiveram a Câmara dos deputados, algo que, analistas afirmam, dificultará muito a vida do presidente democrata.
Ao fazer ameaças, republicanos conservadores parecem tão centrados em si mesmos que perdem a amplitude de quantas pessoas serão beneficiadas pela reforma. Ao dizer que as ações do presidente determinarão o tom de todas as políticas por vir, a reação antecipada parece ser muito mais emocional do que racional, algo que, imagino, seja mais esperado de políticos que representam uma nação tão grande. Afinal, não faz sentido antecipar que serão contra “qualquer coisa” ou política futura se não sabem quais serão. A ameaça é: continuaremos sendo contra qualquer coisa que o presidente fizer. Ponto.
Embora nesse momento nenhuma promessa substitua ações, conforme definido por ativistas de imigração, pelo menos em palavras o presidente parece ainda bem centrado na amplidão do assunto e na quantidade de pessoas beneficiadas por uma possível reforma, venha ela em forma de ação executiva ou de lei ampla. A resposta do presidente é: “Proponha uma lei abrangente, o que será melhor para todos, que minhas ordens executivas cairão por terra”.
Ainda sobre as eleições da última semana e o tom dos republicanos, um editorial do “New York Times” disse que nenhum dos partidos motivou que eleitores comparecessem às urnas: enquanto republicanos só tinham como tema de campanha a oposição a Obama, democratas também acabaram sendo ofuscados e precisaram se defender como puderam. Isso resultou no pior comparecimento às urnas em sete décadas.
Enquanto a alta abstenção foi altamente negativa para os democratas, foi pior para a democracia, disse o corpo editorial do “New York Times”. “Em 43 estados, menos que a metade da população elegível a votar se deu ao trabalho de votar. Nenhum estado chegou aos 60%”, disse o editorial. “Nacionalmente, 36.3% de toda a população votou. Somente as eleições federais de 1942 teve uma participação menor, de 33.9%. As razões foram apatia, raiva e frustração”.
Agora, voltando ao tema da reforma, sem dúvida o assunto que mais aflige a população brasileira dos EUA: com certeza o tema está entre os últimos da lista desses 36.3% que votaram.