Os franceses avançam com esperança em seus corações.

Por Gazeta Admininstrator

Eles vieram a Munique com esperança em seus corações. A esperança de vencer a partida. A esperança de chegar à final da Copa do Mundo da FIFA. E, conseqüentemente, a esperança de erguer o famoso troféu no domingo de 9 de julho. Apesar disso, um grupo de torcedores deixaria o estádio com seus corações partidos – é sempre assim.

Um total de 66 mil torcedores lotou o estádio para a partida entre duas das principais equipes do futebol europeu. A França, campeã do mundo em 1998 e campeã européia em 2000, confrontada por Portugal, finalista da mais recente Eurocopa e treinada por Luiz Felipe Scolari, o homem que planejou habilmente a última glória de uma seleção na Copa do Mundo.

O estádio, uma nova catedral futebolística, foi inundado por cores.

O vermelho de Portugal. O azul da França. Até mesmo o branco da Alemanha e da Inglaterra estava presente em boa medida na mistura.

Na verdade, durante um momento no segundo tempo, o canto mais alto surgiu dos partidários do time de Sven-Goran Eriksson, que fora desclassificado por Portugal nos pênaltis apenas quatro dias antes.

Tudo isso contribuiu para uma atmosfera fantástica durante todos os 90 minutos. O estádio crepitava de expectativa momentos antes do pontapé inicial e os hinos nacionais foram cantados com deleite por ambas as torcidas. O início foi saudado por uma exibição ofuscante de disparos de flashes de todos os cantos do estádio, além do barulho ensurdecedor.

Heróis e vilões

Assim como há sempre vencedores e perdedores em um jogo de semifinal, há também aqueles que experimentam destinos contrastantes. Em Munique, os capitães foram os protagonistas.

Zinedine Zidane teve sorte quando sua cobrança de pênalti aos 33 minutos do primeiro tempo por pouco não foi defendida por Ricardo, enquanto Luis Figo colocou as mãos na cabeça em desespero ao ver que sua cabeçada tomara um rumo diferente daquele pretendido por ele, passando por cima do travessão a apenas 12 minutos do final da partida.

A noite era da França. Ao apito final do árbitro Jorge Larrionda, Sylvain Wiltord e Helger Postiga, que haviam entrado no segundo tempo, jogaram-se no gramado com emoções distintas. Wiltord pensava na chance que teria de atuar no maior de todos os palcos e Postiga compreendia que seus sonhos haviam sido adiados por pelo menos outros quatro anos. Enquanto Patrick Vieira e Claude Makelele caminhavam até o canto do estádio para comemorarem com a maioria dos torcedores franceses, companheiros de equipe cercavam Cristiano Ronaldo que, assim como Michael Ballack em Dortmund 24 horas antes, sentia uma dor difícil de ser suportada.

Os torcedores franceses finalmente deixaram o estádio às 23h45 (CET), uma hora depois que a primeira execução vitoriosa de La Marseillaise havia começado. Juntamente com a introdução de "I will survive", de Gloria Gaynor, eles irão festejar durante toda a noite e, sem sombra de dúvida, por todo o caminho até a final em Berlim. Para Portugal, a canção transmitida pelo sistema de som ao término da partida talvez tivesse mais pertinência.

"Walk on through the wind, walk on through the rain, though your dreams be tossed and blown" (caminhe pelo vento, caminhe pela chuva, mesmo que seus sonhos sejam abalados e dissipados) – palavras escritas por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein para o musical Carousel, celebrizadas no hino de Liverpool "You'll Never Walk Alone" (você jamais caminhará sozinho).

Mas serão os bleus, em vez dos portugueses, que caminharão para o encontro com a Itália em uma maravilhosa final na Alemanha 2006.