Os que já estão voltando do Brasil

Por Gazeta Admininstrator

Acabo de chegar de Boston e Connecticut. Como sempre, o contato com a comunidade brasileira nos mais diversos pontos do país, me dá não só muita alegria e satisfação em continuar estreitando laços que mantenho há décadas, como ganhamos novos amigos.
Também faço meu “update” contínuo de como anda nossa comunidade, o “buxixo”, o que se fala, se comenta, o que há de fato e o que há (muito) de boato.

Durante todo o ano de 2008 se falou muito nos brasileiros que estavam deixando os Estados Unidos e retornando ao Brasil. Os números oferecidos pelas empresas de mudança apontam algo em torno de 40 mil famílias, cerca de 120 mil pessoas, algo em torno de 7% da população estimada de brasileiros nos Estados Unidos. Um número expressivo, por certos ângulos, e nem tanto, por outros.

Até porque, quem conhece a comunidade imigrante brasileira sabe que o “entra e sai” em nosso meio é a coisa mais comum do mundo. Tanto dos que estão indo e vindo mais constantemente quanto os que acreditam que estão “voltando para ficar”quanto os que estão “chegando para ver o que rola”.

Nas últimas semanas tenho tomado conhecimento de um expressivo número de brasileiros que estão retornando aos Estados Unidos, depois de meses – em alguns casos, apenas semanas – de reingresso no dia-a-dia do nosso país.

De fato, para quem viveu ou vive nos Estados Unidos há mais de 3 anos, mesmo que mantenha a ilusão de que sua readaptação ao Brasil será fácil e rápida, a realidade se mostra dolorosamente diferente. Não se trata de apontar o que, em que ou onde o Brasil seja melhor ou pior do que os Estados Unidos. Essa é uma discussão boba, quase burra.

Os estilos de vida são diferentes, os estágios de desenvolvimentos dos dois países ainda é muito distinto um do outro e, especialmente para quem desfrutava de uma vida mais ou menos estabilizada aqui na América, muitas vezes o impacto do retorno ao Brasil gera descoforto e até depressão.

O nosso Brasil vive um dos momentos econômicos mais pujantes de sua história. Isso cria a ilusão de que nós seríamos ou seremos facilmente absorvidos por essa “onda” de crescimento e positividade que se respira em nossa terra já há alguns anos. O fato é, porém, que esse processo tem como “candidatos imediatos e naturais’, os brasileiros que lá estavam e que agora se beneficiam das aberturas e oportunidades surgidas.

Claro que existem exceções e sabemos delas. De brasileiros que estão, em seus primeiros meses de readaptação, conseguindo se estabelecer e prosperar. Mas não é a regra geral e o testemunho dos que voltam nos faz lembrar esse constante “vai e vem” em nossa comunidade. Aliás, nunca foi tão fácil ir e vir entre Brasil e Estados Unidos. Com dezenas de vôos diretos e diários para diversos pontos do país, especialmente tendo Miami com o ponto de entrada e saída, a “tentação do ir e vir’ (para quem pode fazer isso legalmente) é imensa.

Aliás, esse novo quadro de grande acessibilidade entre Brasil e Estados Unidos, reflete muito bem o potencial que – de há muito anunciado – se descortina nas relações econômicas entre os dois países.

Tomem nota: Brasil e Estados Unidos estão estreitando seu relacionamento de uma forma soberana e progressiva como jamais se imaginaria. E essa integração de negócios, atividades culturais e em muitas outras esferas já está gerando milhares de empregos. Ainda que o momento econômico mundial seja de recessão e timidez, a potencialidade da “ponte” que já se estabeleceu entre Estados Unidos e Brasil é talvez a maior dentre todas as que futuramente se apresentam para ambas as nações.

Quem estiver aqui, aproveitando-se do “know how” já obtido, vai se dar muito bem.