Otimização de plataformas de PLE e qualidade no processo de ensino / aprendizagem

Por AOTP

A utilização de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) nas formações à distância mostra-se um fenômeno em ascendência em diferentes áreas do conhecimento, notadamente no ensino / aprendizagem de línguas estrangeiras (LE).

Se a flexibilidade espaço-temporal se apresenta como um dos principais fatores motivacionais para os aprendentes, no que diz respeito às línguas estrangeiras há um outro aspecto não negligenciável: a evolução das ferramentas pedagógicas e tecnológicas têm criado ambientes muito próximos do ensino presencial. Em que medida isto pode ser determinante para o sucesso de uma formação à distância em Português Língua Estrangeira (PLE)?

Assim como língua e cultura são noções indissociáveis no ensino / aprendizagem de LE, a interação é também parte integrante deste processo. Interagir significa ter a oportunidade de compartilhar ideias e dúvidas, permitindo aperfeiçoar competências por meio de respostas a estas trocas. Desta forma, ferramentas de comunicação síncrona em plataformas de ensino de LE, com ênfase especial para os sistemas de videoconferência, compõem uma das funcionalidades que asseguram a dinâmica e a progressão das competências tanto de produção e compreensão orais quanto escritas.

Se, por um lado, o PLE responde à demanda de um público diversificado e em crescente mobilidade acadêmica e profissional, por outro, há uma carência evidente na oferta de formações a distância na área.

Neste sentido, formações de qualidade devem proporcionar aos aprendentes o acesso à produção de atividades e tarefas que privilegiem os aspectos linguísticos, pragmáticos e socioculturais integrados às quatro competências de comunicação.

A resposta a esta demanda e a otimização do desempenho no processo de ensino / aprendizagem de PLE dependem não somente das reflexões didático-metodológicas aplicadas a um espaço virtual, mas também do que N. Even (2011) denomina como funcionalidades disponíveis em plataformas de ensino a distância. São elas as funcionalidades de comunicação, de engenharia, de criação, de acompanhamento e de gestão.

As primeiras compreendem a comunicação síncrona (quadros interativos, sistemas de áudio conferência, videoconferência, chats) e assíncrona (fóruns, mensagens eletrônicas). No ensino de PLE, estas funcionalidades garantem a interação dos aprendentes entre si e com o tutor, favorecendo a realização de atividades e tarefas dinâmicas, que reportam a usos da língua em contextos reais de produção.

As funcionalidades de engenharia concernem à criação de módulos de aprendizagem constituídos pelos conteúdos linguísticos, pragmáticos e socioculturais, assim como pelas atividades e tarefas que deverão ser realizadas pelos aprendentes. Trata-se aqui de estruturar uma sequência lógica e interdependente dos conteúdos, definida pelas abordagens metodológicas que fundamentem a formação. Além disto, as funcionalidades de engenharia permitem definir quais ferramentas estão disponíveis na plataforma, quais podem ser integradas ou funcionar paralelamente em função das atividades e tarefas propostas pelo coordenador pedagógico.

Quanto às funcionalidades de acompanhamento, são elas que permitem ao tutor obter informações sobre a progressão dos aprendentes, a exemplo do tempo investido em cada atividade ou tarefa, o resultado obtido, etc. No entanto, a natureza e a quantidade destas informações de “rastreamento” variam de uma plataforma para outra.

Por fim, as funcionalidades de gestão asseguram a gestão administrativa dos aprendentes (inscrições, atestações, etc.).

Certo, a harmonização destas funcionalidades, aliadas à identidade visual e discursiva, favorecem a otimização de plataformas de ensino a distância. Sobre o ensino de PLE nesta modalidade, torna-se indispensável alinhar as práticas didático-pedagógicas a uma abordagem que considere o aprendente como ator social, motivando-o a desenvolver suas competências em interação contínua com outros aprendentes e com o tutor responsável por meio, sobretudo, de tarefas e atividades que se integrem às funcionalidades de comunicação síncrona.

1 Disponível em http://www.centre-inffo.fr/IMG/pdf/evalpf.pdf, consultado em 18 de abril de 2016.

* Institut Culturel BRAVO – Paris, França