Ouvindo música com as lentes

Por Marisa Arruda Barbosa

seu jorge

Durante os últimos dez anos, fotografar os shows da Rythm Foundation (RF), uma organização sem fins lucrativos que reúne músicos de todo o mundo para se apresentar em Miami, fizeram com que Luis Olazabal, de 44 anos, não só desenvolvesse um estilo de fotografia, mas também um gosto especial pela música. Tendo fotografado inúmeros shows brasileiros da RF, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Marisa Monte, Seu Jorge, e muitos outros, Luis ainda tem um sonho: “Fotografar Chico Buarque”, disse ele, que é natural de Huaraz, no Peru, e vive em Miami Beach há 25 anos. “É sempre um prazer fotografar artistas brasileiros. É um show melhor do que o outro e eles conseguem manter a energia lá em cima”.

Luis estudou cinema, mas logo percebeu que as coisas seriam mais fáceis para ele se fizesse algo mais pessoal, sem precisar de um time para entregar o trabalho final. “Tendo amado a música e fotografia por toda a minha vida, fotografar música para mim foi um casamento perfeito”, analisa. “Há quase 20 anos, eu estava andando na Lincoln Road e entrei na Barbara Gillman Gallery, onde estava sendo mostrado o trabalho de Herman Leonard. Ele é um dos fotógrafos mais importantes do jazz e já fotografou lendários como Charlie Parker, Miles Davis, Charles Mingus, Duke Ellington, Frank Sinatra. Quando eu vi aquelas fotos, tive arrepios e meu coração disparou: eram as fotos mais incríveis que eu já tinha visto. Foi aí que descobri minha vocação, o que eu realmente queria fazer”.

Não foi cedo que Luis descobriu sua vocação, quando tinha 27 anos, mas foi através da RF que foi desenvolvendo sua técnica fotográfica ao longo dos 10 anos que trabalha com a organização. “Eu comecei quando ainda estava usando câmera de filme, fotografando pessoas como David Byrne, Caetano Veloso, Fernanda Porto, João Bosco, todos com filme 35mm”, conta. Além da RF, Luis também trabalha como freelancer, com concentração principalmente na música e fotografia artística. Ele já trabalhou para a Sony-BMG, Tigertail Productions, Miami Light Project, entre outros, tendo o trabalho publicado em vários jornais e revistas.

“A fotografia de shows depende da iluminação e do espaço. Se eu tiver os dois em abundância, é mais fácil criar, o que é o meu maior objetivo, e não documentar”, explica. “Minha linguagem fotográfica tem evoluído ao longo dos anos. Com certeza, eu não fotografo hoje da mesma maneira que fiz quando comecei. Eu uso mais espaço negativo em minhas composições, sempre tentando obter o espírito e a alma do artista. Além disso, eu desenvolvi um gosto por fotografar as costas do artista quando ele se vira. Tem que ser muito delicado e, para mim, de alguma forma, lembra o fim de um filme francês”. Além da técnica, da luz e da sombra, Luis desenvolveu também um gosto musical aguçado ao longo dos anos. Entre os brasileiros, Caetano Veloso é um grande favorito, pois sua música “é sempre surpreendente, ousada, desafiadora, evitando fórmulas”, ao lado de Gilberto Gil e Milton Nascimento.

Mas antes de descobrir a vocação de fotógrafo, Luis já era fã de grandes músicos como

Astor Piazzola - motivo pelo qual deu o nome a seu filho de Luc Astor -, Philip Glass, Charles Mingus, Pat Metheny, Charlie Haden, Mercedes Sosa e outros que foi descobrindo e se encantando, como Concha Buika, Gotan Project e Bajofondo, tango com uma base eletrônica. Os africanos Fela Kuti e seus filhos Seun e Femi, Amadou & Mariam, Issa Bagayogo. “Eu também adoro quando a música tradicional de diferentes partes do mundo se encontra com o jazz, fazendo uma fusão e criando um novo universo. Informações: O Piola South Beach fica no seguinte endereço: 1625 Alton Road, Miami Beach – 33139. www.piola.it