Pacotes anticrise espantam o pânico e bolsas sobem

Por Gazeta Admininstrator

Wall Street mostra na tarde desta segunda-feira que ficou bastante satisfeita com os pacotes anticrise anunciados pelos países da zona do euro, pelos Estados Unidos e do G7 (Grupo dos Sete, que reúne os países mais ricos do mundo).

Aproveitando a onda de otimismo gerada pelas medidas e os preços baixos -especialmente depois das perdas recorde da semana passada -, as Bolsas americanas disparam. O índice Dow Jones subiu 977 pontos.

A retomada era esperada, segundo analistas, devido às iniciativas dos governos mundiais nos últimos dias para injetar recursos em bancos e garantir depósitos. No fim de semana foram realizadas reuniões do G7, do G20 financeiro (grupo dos principais ministros de economia e presidentes de bancos centrais) e do IMFC (Comitê Monetário e Financeiro Internacional, na sigla em inglês) para estudar soluções e reverter a crise - iniciada há mais de um ano nos EUA, devido a problemas no mercado de hipotecas "subprime" (de maior risco), mas que ganhou força a partir da quebra do banco Lehman Brothers no mês passado.

Um dia depois decidirem injetar recursos para refinanciar bancos e garantir a liquidez nos empréstimos interbancários, os países da zona do euro (que usam o euro como moeda única) iniciaram os anúncios de quanto irão gastar nesta missão. A medida também já foi tomada por outros países europeus que não fazem parte deste grupo, como Inglaterra e Rússia, e o montante praticamente já chegou a $ trilhões.

Até o início da tarde de hoje, sete dos 15 países que estão na zona do euro e já liberaram recursos na ordem de 1,32 trilhão de euros (cerca de $ 1,78 trilhão): Alemanha (500 bilhões de euros, ou cerca de $815 bilhões), França (360 bilhões de euros, ou cerca de $ 90 bilhões), Holanda (200 bilhões de euros, ou cerca de US$ 270 bilhões), Espanha (100 bilhões de euros, ou cerca de $136 bilhões), Áustria (100 bilhões de euros), Itália (40 bilhões de euros, ou cerca de $54 bilhões) e Portugal (20 bilhões de euros, ou cerca de $27 bilhões).

Além dos países da zona do euro, a Inglaterra também tinha anunciado um pacote semelhante de ajuda de 50 bilhões de euros (cerca de US$ 68 bilhões), a serem usados para comprar ações dos principais bancos do país. O governo local anunciou que recapitalizará os bancos RBS (Royal Bank of Scotland), HBOS e Lloyds TSB com esses recursos para manter os mesmos em boa situação. Já na Rússia, o governo sancionou um pacote de leis para estabilizar os mercados financeiros. Os analistas cifram o plano russo em mais de US$ 150 bilhões.

Compra de ações

Já nos EUA, o Departamento do Tesouro anunciou que vai "executar um programa de compra de ações em um vasto número de instituições financeiras", como parte do plano de resgate dos bancos. "O único objetivo das autoridades com este plano é restaurar o fluxo de capitais para os consumidores e as empresas que formam o coração de nossa economia", afirmou o encarregado do Tesouro para supervisionar o plano, Neel Kashkari.

Na sexta-feira (10), o secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciou a compra, pelo governo, de ações de instituições financeiras com fundos do pacote de US$ 700 bilhões aprovado pelo Congresso. "Estamos desenvolvendo estratégias (...) para adquirir participações nas instituições financeiras conforme for necessário para impulsionar a estabilidade nos mercados financeiros", disse.

O anúncio fez com que as ações das instituições financeiras - as que mais perderam força nos últimos meses nas Bolsas em Nova York - voltassem a subir no pregão. A que mais cresceu foi a do Morgan Stanley, com alta de 84,4%, também puxada pela venda de 21% do banco para o grupo japonês Mitsubishi por $9 bilhões.

Outros bancos que experimentam ganhos substanciais são o Citigroup (10,4%), Wachovia (5,8%), Fannie Mae (5,2%), Goldman Sachs (24,1%) e Freddie Mac (12,1%).

Outras empresas, em especial montadoras e produtoras de commodities, também apresentam desempenho positivo. Ações da General Motors e Ford crescem, respectivamente, 28,2% e 23%.

As ADRs (American Depositary Receipts) da Petrobras e da Vale do Rio Doce estão entre essas empresas que se aproveitam do otimismo. Os papéis da petrolífera estatal avançam 17,5%, e as da mineradora ganham 18,2%.