Pais imigrantes enfrentam o drama de viver longe dos filhos

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_147121" align="alignleft" width="300"] O paranaense Juliano Mello não vê a filha Júlia há três e trabalha para dar uma vida melhor a ela no Brasil.[/caption]

Morar em outro país já não é fácil, e ficar longe dos filhos, é pior ainda. No próximo domingo, 18 de junho, comemora-se o Dia dos Pais nos Estados Unidos, mas, infelizmente, muitos deles passarão a data distante milhares de quilômetros dos filhos, que estão no Brasil.

Dentre as várias realidades que cercam os imigrantes, a distância da família é a que mais dói. E por diferentes motivos, muitas vezes, a razão seja a busca para dar-lhes uma vida melhor. Ganhar dinheiro nos EUA para poder sustentar a família no Brasil faz parte da realidade de muitos brasileiros.

O drama de Juliano Rodrigues de Mello já dura três anos. O paranaense de Telêmaco Borba reside atualmente em Nova York, para onde se mudou em abril de 2015. Como estava em processo de separação, a filha Júlia Mello, 9 anos, ficou morando com a mãe em Curitiba. Ele conta que não vê a filha desde junho de 2015, pois chegou a ir ao Brasil durante 10 dias logo depois que se mudou para NY e voltou aos EUA por último em junho, onde está até hoje. “Coincidentemente, ela nasceu em um Dia dos Pais no Brasil, em 12 de agosto de 2007, e agora, em 2017, perderei mais um aniversário dela, infelizmente”, conta.

Como ultrapassou o período de permanência legal, Mello decidiu não retornar ao Brasil. “Mesmo ela tendo visto, ainda não foi possível revê-la aqui na América. Mantemos contato sempre que possível pela internet. Atualmente, o brasileiro trabalha no setor de construção civil e nos finais de semana faz trabalhos extras com cães em Manhathan.

“É uma vida extremamente corrida e cansativa, mas faço isso pra poder dar a ela melhores condições, como curso de inglês e uma escola boa, além de pagar as demais despesas dela”, menciona.

Ele conta que a ideia inicial era que a filha pudesse morar e estudar em Nova York e não descarta a possibilidade para um futuro próximo, quando puder trazê-la e não precisar dividir apartamento com amigos, como faz atualmente.

Outro pai que passará a data longe dos filhos e da esposa é Roberto Peixoto, 32 anos, que mora em Pompano Beach há pouco mais de um ano. O carioca também afirma que não imagina que seria tão difícil para a família vir depois dele. O eletricista veio primeiro para ajustar a nova vida e poder receber a família, mas não deu muito certo. A esposa, Suzana, 32 anos, e os dois filhos, um menino de 10 anos e uma menina de 7, tiveram o visto negado duas vezes.

“Não contávamos com isso. Não disseram o motivo, apenas perguntaram para onde pretendiam ir e se as crianças estudavam em escola pública ou particular. Quando foi falado ´pública´, eles negaram”, concluiu.

Apesar da saudade, o carioca pensa em continuar na Flórida até quando aguentar, tudo pela chance de poder ajudar a dar uma vida melhor para a família no Brasil. O contato quase diário com os filhos é feito via Facebook.

“O momento que mais dói é quando eles pedem para eu voltar, porque sentem muita falta”, disse.