Paixão e amor: como sobreviver?

Por Rosana Brasil

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Quem já viveu uma grande paixão sabe que o coração bate mais rápido, a temperatura do corpo sobe e o estado da consciência fica alterado, com um sentimento de euforia quase que permanente, isto é, fora da realidade, “nas nuvens”.

Paixão é brilho no olhar, é frio na barriga, a vida fica mais colorida e agradável, a pessoa sob o efeito da paixão fica até mais bonita e alegre, portanto, a paixão é definida como um sentimento levado a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão.

Paixão, esse sentimento avassalador, acaba geralmente depois de 18 meses para os homens e 36 meses para as mulheres. Pode ser muito menos em alguns casos, depende do investimento, da sensibilidade de cada pessoa, mas ela precisa estar aberta para vivenciar essa paixão. No final do terceiro ano, em média, as células cerebrais ficam saturadas e não respondem mais como antes, e a paixão acaba.

Uma parte deste mistério já foi explicada pelos neurocientistas. O estado de euforia da paixão é o resultado de uma poderosa descarga de substâncias produzidas pelo próprio organismo, chamadas phenylethylamine e dopamine, que é similar a anfetamina. Essas substâncias são da mesma família daquelas usadas como moderadores de apetite e vendidos nas farmácias, até os sintomas são parecidos.

Muitas pessoas curtem essas relações de paixão breves e banhadas a anfetaminas. São uniões de casais emocionalmente intensas com absoluta fidelidade, mas que não resiste ao fim da paixão, e são seguidas de outro relacionamento igualmente monogâmico, mas breve. Tanto é que podemos presenciar, em nosso meio, separações conjugais com menos de três anos de duração, ou no mundo artístico os casais estão sempre se renovando, nem se casam mais tantas vezes oficialmente de papel passado, simplesmente namoram ou “tem um caso”. Mas, o que fazer quando a paixão acaba? Podemos observar que muitos casais resistem ao final da paixão, continuam juntos e entram no segundo estágio do relacionamento, o do amor, isto é, a ligação afetuosa, em que predomina a dependência mútua e o companheirismo. Amar é apreciar e querer bem o outro, bem como respeitar, valorizar, sentir falta e querer que o outro cresça. O amor envolve ternura, amizade, compaixão, ética e delicadeza, e esta vivência e o seu exercício são trabalhosos e depende do empenho e dedicação constantes de cada um dos parceiros.

Na possibilidade de o casal desejar continuar junto, é preciso que ouça um ao outro, precisa estar em sintonia e existir uma interação, e a paixão vira admiração e respeito pelo outro.

O psiquiatra americano, John Gottman, recomenda três regras para que os relacionamentos sobrevivam depois do fim da paixão: primeiro, os casais devem saber relevar as “picuinhas” da vida em comum. Gottman argumenta que existem duas categorias de conflitos conjugais, os que podem ser resolvidos e os permanentes. O segredo da boa convivência está em saber lidar com os que não mudam. Mesmo sem gostar desses problemas, é possível conviver com eles. Em segundo lugar, é imprescindível que o casal esteja disposto a conhecer profundamente um ao outro. É necessário saber sair da fase da paixão e encarar a realidade. Em terceiro lugar, homens e mulheres devem aprender a compartilhar e estar dispostos a responder melhor às solicitações dos parceiros.

Mas, a regra número l do casamento satisfatório é não exagerar nas expectativas. Quanto maior a expectativa, maior a dificuldade de superar a frustração.

Amar alguém significa conhecer quem essa pessoa realmente é, suas qualidades e defeitos, os quais poderiam ou não serem corrigidos. Amar significa respeitar a pessoa amada em tempo e espaço; sentir a presença emocional da pessoa amada mesmo quando não esteja fisicamente presente.