Para ?arrumar a casa?, mulheres na presidência!

Por Gazeta Admininstrator

Pouco a pouco, vai ficando evidente que já não é mais possível exercer o preconceito machista que durante séculos negou igualdade às mulheres. Depois de ver muitos dos esforços e vitórias obtidas pelo movimento feminista nos anos 70 serem “massacrados” por uma lamentável volota ao conservadorismo nos anos 90, as mulheres voltam a brilhar intensamente na política mundial e, em especial, nos dois países que mais nos afetam, logicamente, Brasil e Estados Unidos.

Mas em todo o mundo há sinais evidentes de que é chegada a hora das mulheres assumirem os cargos que até então as urnas (por inúmeras razões) lhes negavam.

A candidata socialista Michelle Bachelet, do aliança governista Concertación Democrática, venceu as eleições presidenciais do último domingo no Chile com 53,22% dos votos, contra 46,77% para o candidato conservador-direitista Sebastián Piñera. O comitê de Piñera admitiu a derrota. Isso num país muito conservador e extremamente católico, onde a ação política das mulheres em cargos legislativos e executivos, é coisa bem recente.

Em Berlim, capital da Alemanha, o perfume feminino também tomou conta do poder através das mãos da primeira Chanceler na história do país:
Angela Merkel. Desde novembro ela foi eleita para ocupar o cargo
político mais importante da poderosa Alemanha e já demonstrou, em
recente encontro de cúpula com George W. Bush, que não veio para apenas "entrar nos livros de história" como a primeira alemã-chanceler. Bush saiu tão impressionado com a capacidade de Angela que não deve ter sido "por acaso", que semanas depois lá estava Laura Bush fazendo uma pública manifestação de apoio à candidatura de Condoleezza Rice.

No Brasil, as projeções e pesquisas mostram que as próximas eleições legislativas e executivas a níveis municipal e estadual poderão gerar o maior percentual de mulheres eleitas de toda a história do país. Na verdade, o crescimento da presença feminina nesses dois poderes, em todos os níveis – vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, governadores e senadores, tem crescido a cada eleição. Ainda não se fala numa candidatura de uma mulher, numa legenda de peso, à Presidência da República. Mas não se espantem se nas eleições deste ano algo surpreendente possa acontecer. Uma terceira força, fora do binômino Lula-Serra poderá emergir. Há quem garante que uma coalizão social-esquerdista lançaria a candidatura da Senadora Helena.

Mas a grande expectativa é mesmo diante de uma raríssima possíbilidade que poderá vir a se concretizar no próximo ano. E aqui, nos Estados Unidos, o país ainda mais poderoso e influente do planeta e que serve de “espelho” para muitas sociedades.

Já se tem como certo que a mais provável escolha dos democratas para concorrer à Casa Branca em 2007 seja a senadora Hillary Clinton. Esse plano está traçado desde o dia em que a ex-primeira dama se tornou , com espetacular votação, Senadora pelo Estado de New York.
A popularidade de Hillary é tão grande quanto a rejeição a seu nome por parte dos eleitores conservadores.

E para animar ainda mais o que poderá vir a ser uma das campanhas eleitorais mais sensacionais da história dos Estados Unidos, o nome republicano que começa a ser desenhado no mapa sucessório, também é uma mulher: a atual Secretária de Estado, Condoleezza Rice, tida como, atualmente, a “mulher mais poderosa do mundo”, por ocupar um cargo que transita entre as maiores lideranças da Terra.

Uma disputa entre Hillary e Condoleezza seria o prato mais farto e apetitoso que a mídia norte-americana já imaginou.

De um lado, Hillary, a democrata de feição socialista, mas que, na verdade, tem se tornado mais e mais uma centrista moderada, tendência que, se ainda não revelou resultados muito práticos entre os arredios conservadores e os desconfiados “indecisos”, por outro tem custado fatias do eleitorado tradicional liberal, para quem Hillary talvez esteja cometendo o mesmo erro de John Kerry em 2003: fazer todo o tipo de articulação, não importa qual seja, contanto que isso lhe garanta alianças e, supostamente, a vitória. Kerry não venceu, apesar da margem ter sido uma das menores de toda a história dos Estados Unidos. Bush se reelegeu e os democratas amargam 8 anos fora do poder.

Do outro, Condoleezza, que cultiva a imagem de “mulher de ferro”, negociadora com os mais importantes líderes do mundo, todos eles homens, muitos dos quais vindo de sociedades, como as islâmicas, onde as mulheres às vezes têm menos direitos que um simples animal de estimação. A imagem de Rice se fortaleceu, curiosamente, depois que ela substituiu um verdadeiro herói nacional, o general Colin Powell. E ela, segundo os analistas, está se saindo melhor que Powell, que parecia, como militar, muito pouco confortável na arena política.

Condoleezza é negra e solteira. A sociedade americana ainda é extremamente racista e pseudo-moralista. Enquanto o resumé de Rice se torna a cada dia mais forte, isso poderá não ser suficiente para aplacar o racismo e conservadorismo de muitos “red states” - aqueles estados onde o Partido Republicano venceu as eleições presidenciais de 2003.

Um duelo Hillary x Condoleezza, por outro lado, vai quebrar de vez uma das maiores e mais importantes barreiras históricas da sociedade moderna. O país mais influente do mundo, apesar de ter algumas das legislações de maior proteção às mulheres, elegeria finalmente uma mulher para o cargo de Presidente. Já se fala até que esta seria a “melhor” oportunidade para o Partido Independente realmente se tornar uma realidade, lançando um candidato homem para, no mínimo, ganhar espaço na mídia e nos debates.

Inquestionávelmente o mundo já teve grandes expressões de mulheres chefes de governo e chefes de estado. Indira Ghandi (Índia), Golda Meir (Israel) e Margareth Thatcher (Inglaterra) são três exemplos poderosos de mulheres que lideraram nações importantes e ocuparam com extremo sucesso a posição número 1 de sua nações.

A eleição de uma mulher à presidência norte-americana, muito além de tornar realidade a ficção que tornou o seriado “Commander in Chief” - atualmente em exibição com enorme sucesso na TV americana, com a brilhante Geena Davis no papel da primeira mulher eleita presidente dos Estados Unidos – será um fator de enorme incentivo e liberação para as mulheres de todo o mundo.

Vamos torcer para que uma “terceira força” surja nas eleições brasileiras também. Já tivemos exemplos importantes em São Paulo, - Luiza Erundina e Marta Suplicy – e seria tremendamente saudável ver uma mulher disputando, com chances, ao lado dos atuais favoritos.
Nas ruas, o povo pode estar achando que diante de tanta bagunça, corrupção e violência (tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos) talvez a sensibilidade e o natural instinto de organização e aglutinação sempre exercido pelas mulheres, possar dar uma “arrumada na casa”, tanto dos americanos quanto dos brasileiros.