Pense em algo que queira muito. Agora, imagine suas sensações ao conquistar o seu desejo. Feche os olhos, se for preciso. Sinta a energia positiva em seu corpo e você em harmonia com o universo. Sentiu? Pronto. Com o tempo, terá seu pedido realizado. Como em um passe de mágica. Serviço para nenhum gênio da lâmpada botar defeito.
E tudo por uma questão de pensa-mento. É o que o filme O Segredo afirma ser possível. O documentário, produzido pela australiana Rhonda Byrne e lançado em 2006, se tornou sucesso nos Estados Unidos ao apresentar personagens como filósofos, físicos quânticos, líderes esotéricos e escritores explicando o que é e como funciona a Lei da Atração. Trocando em miúdos: tudo o que acontece na sua vida é você quem atrai com a força do pensamento. Sejam coisas boas ou ruins. Acredite se quiser.
O DVD já foi, inclusive, transformado em livro, tendo sua primeira edição de 1,75 milhões de cópias esgotadas. Um fenômeno do gênero auto-ajuda que, aos poucos, chega ao Brasil. O Segredo estreou nos cinemas de oito cidades do país, no dia 30 de março, possui comunidade no Orkut com mais de 18 mil membros e terá seu livro lançado no dia 1º de junho pela Ediouro, com uma tiragem de 100 mil exemplares. Detalhe: o DVD ainda não foi, oficialmente, lançado no Brasil - previsto apenas para o segundo semestre de 2007.
“Eu já vi o filme 20 vezes e não me canso. A cada momento eu capto alguma mensagem diferente”, é o que diz a professora da rede municipal do Rio de Janeiro, Carla Kind. Ela não só tem o DVD, como fez cópias do filme para poder emprestar para outras pessoas e assim passar O Segredo para frente.
Carla já lecionava, aos 24 anos de idade, em 1994, e estava prestes a conhecer os pais de seu namorando quando sentiu uma fisgada na coluna. “A minha mão começou a fechar e eu não conseguia mais erguer o tronco. Achei que estava tendo um AVC”, conta a professora, que chegou ao hospital direto para uma cadeira de rodas. “Quando acordei e ouvi ‘CTI, boa tarde’ pensei na mesma hora: ‘Morri”.
Ela havia tido uma lesão na C3 e na C4. No começo, só falava, não mexia nem o pescoço. E pior: chegou a escutar de uma médica que não iria mais andar. “Achei que tudo estava perdido. Toda vaidosa e, de repente, usando fralda?”. Uma menina cheia de sonhos e que poderia ter entrado em depressão diante de tamanha dificuldade. Poderia, mas não foi o que aconteceu. Após ler muitos livros de auto-ajuda, filosofia e religião, chegou à conclusão de que, antes de qualquer coisa, ela teria que ter pensamento positivo para poder sair dessa.
Os médicos tentaram antecipar sua aposentadoria, mas ela não quis. Brigou e fez vários exames para provar que era capaz de dar aula e conseguiu. Enfrentou preconceitos, casou com seu namorado e o melhor: teve um filho 10 anos depois do incidente. Hoje, “toda gostosona”, como ela mesmo diz, Carla consegue ficar em pé e ainda caminhar se estiver apoiada. “Sempre levanto para tirar foto. É assim que quero me ver. De pé”, afirma a professora.
Carla conta que nunca deixou de imaginar coisas positivas e que consegue sentir o universo conspirando a seu favor por causa disso. “Posso me acabar de chorar em um dia, mas no outro eu pinto o cabelo. Melhora a auto-estima”, comenta. Já pensava assim antes de O Segredo. O DVD veio só para confirmar e reforçar seus desejos. “Com o filme, tirei o ‘não’ da minha vida e passei a fazer o caderno sugerido”, diz. O caderno seria uma lista particular de pedidos que são mentalizados diariamente. E ela garante: passa em seu pensamento, pelo menos três vezes ao dia, as várias fotos de família e frases positivas como “Eu ando”, que estão nas suas linhas.
Da mesma maneira, pensa Fernandes Garcia, 70 anos, que não vê a hora de assistir ao filme. O advogado aposentado afirma que faz dois agradecimentos por dia ao cosmo - um ao acordar e o outro antes de dormir - e que tudo que possui é fruto de seu pensamento positivo. O que segue a idéia vista em O Segredo de que o sentimento de gratidão emana coisas boas ao universo que depois voltam para você.
De acordo com o advogado, seu modo de pensar mudou, há 30 anos, a partir do momento em que foi aceito pela Ordem Rosacruz - organização internacional de caráter místico-filosófico. O que significou muitas leituras e estudos sobre religião e filosofia. Segundo ele, você tem que manter o foco em coisas boas e saber esperar que elas aconteçam. “Temos que estar perceptivos para isso”, ressalta.
Seu bom-humor e fé na vida não foram abalados nem com a notícia recebida em 2003: um câncer de próstata. Doença que tem sido tratada desde então com remédios e energização. Antes de dormir, ele coloca uma música tranqüila e mentalmente passeia pelo corpo inteiro com um único pensa-mento: a cura. “Eu vou vencer esse câncer e ainda passear muito com a minha velha por aí. Pode ter certeza”, afirma sorrindo.
Assim, tantos outros Fernandes e ou-tras Carlas podem ser encontrados por aí. Cada um com a sua história, mas a partir do mesmo segredo: o pensamento positivo. Independentemente de ser cético ou não uma coisa é certa: mal não pode fazer.

