Pense Green - Edição 727

Por Gazeta Admininstrator

O homem e o elefante

Segundo uma filosofia oriental, quando amarramos um filhote de elefante no tronco de uma árvore, ele tenta de todas as maneiras repuxar a corda para se libertar, mas percebendo que a árvore é mais resistente ao seu peso, ele desiste e aceita o processo de domesticação. O elefantinho cresce e, mesmo sendo um adulto forte e poderoso, não insiste em repuxar a corda, pois ainda considera o tronco da árvore mais forte do que o seu enorme corpo.

As percepções que temos sobre a natureza também dependem dos valores culturais e sociais que herdamos de nossa família, escola e comunidade; além dos valores e conhecimentos que construímos por meio de nossas experiências. Quando os assuntos são aquecimento global e desequilíbrio ecológico, podemos reunir diversos fatores que estão diretamente relacionados com o nosso comportamento perante a natureza.

Apontando para situações mais graves como tsunamis e tornados, segundo pesquisa realizada recentemente no Reino Unido, e publicada na revista "Nature Climate Change", o ser humano que já sofreu perdas em uma determinada catástrofe natural tende a se preocupar mais com o aquecimento global e ajudar a tomar novas atitudes como economizar energia.

A pesquisa analisou 1.822 pessoas de várias regiões do Reino Unido; as que sofreram enchentes e desastres naturais gerados por fatores climáticos tornaram-se mais ativas para questões ecológicas. O estudo indica que considerar os desastres naturais e desequilíbrios ambientais como acontecimentos distantes assistidos nos telejornais gera um sentimento de descompromisso e de despreocupação, ou seja, o mundo é um só, mas se o tsunami acontece a milhares de quilômetros de sua casa, você não se inclinaria a se preocupar com a natureza.

Chega-se a conclusão que experimentar os desastres climáticos extremos na própria pele transforma a maneira como se percebe as mudanças climáticas. Os britânicos entrevistados tinham vivido uma série de tempestades e de enchentes em suas vidas, logo fariam de tudo para evitar novos desastres.

Esses tipos de comportamento podem ser percebidos em diversas regiões do mundo, principalmente, por meio de instalação de sistema de alarme e de infraestrutura sustentável em cidades que já foram alvos de eventos climáticos agudos.

O ser humano que já passou por essas experiências sabe que apesar de toda força tecnológica que tem em mãos, deve ter uma relação respeitosa com a natureza. É como o elefantinho, sabe que a sua árvore, o planeta Terra, é mais forte do que o seu corpo, e não deve tratá-la de qualquer maneira, muito menos repuxar as suas cordas, seu verdadeiro cordão umbilical com a natureza.