Perdão e Superação

Por Adriana Tanese Nogueira

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O perdão (pela Wikipedia em inglês) é o processo intencional e voluntário pelo qual uma vítima passa a mudar seus sentimentos e atitudes com relação ao agressor, abandonando suas emoções negativas como a vingança, o desejo de recompensa ou punição, tanto do ponto de vista moral como legal, conseguindo desejar o bem do agressor. A versão em inglês da definição de perdão foi aqui escolhida porque é a única das consultadas que fala em “vítima”. É importante frisar isso: há uma vítima. Tende-se com pressa demasiada a borrar a ofensa em favor do perdão, o qual, nesses termos, é apressado, superficial e, basicamente, fake. Não há perdão de fachada. Não há perdão “mental”, não cola. O nosso ser interior não acata uma decisão assumida pela mente racional que quer bancar a bacana, pois não se mudam sentimentos e emoções “por decreto lei”. Perdão, continua a voz, não é: • Aceitar ou aprovar, fechando os olhos ao que é errado; • Desculpar, tirando de quem ofendeu a responsabilidade pelas suas ações; • Esquecer, eliminar da própria consciência a ofensa; • Absolver diante de um juiz ou outro representante da sociedade; • Reconciliar-se, restaurando a relação. Perdão é se libertar do sentimento doloroso que nos leva a sentir vontade de vingança e de fazer valer as nossas razões. O perdão é só nosso, é íntimo e silencioso. Não é para mostrar para ninguém, não é para exibir – aquilo é vaidade. Como chegar ao perdão? Quando se sofre uma ofensa, ou talvez várias, e talvez várias de uma pessoa para a qual sempre fizemos bem e da qual jamais esperaríamos o que recebemos... como perdoar? A primeira coisa que vem à mente é: como é possível? Por que? Não tendo como entender os fatos ficamos atormentados entre a dor do que sofremos, a tristeza pelo que sofremos e por ter acontecido, e aquele ponto de interrogação atormentador: como pode? Não tendo (e mesmo tendo) resposta a esta pergunta e sentindo arder a dor no peito, podemos passar dias, meses ou anos com aquele sentimento de ter sido ofendidos sem merecermos. O tempo passa, a vida vai adiante, nem sempre pensamos no ocorrido, mas quando lembramos arde da mesma forma e mesmo quando, após muitos tempo, doi menos, isso ainda não significa perdão. Como chegar ao perdão? A forma mais fácil e rápida de perdoar é conversando com a pessoa. Uma boa conversa consegue resolver quase tudo. A gente compreendendo o ponto de vista do outro e o outro reconhecendo seus limites: temos o problema praticamente resolvido. É fácil perdoar. Menos fácil é quando o outro não reconhece seu erro. O agressor não reconhece a ofensa, o mal cometido. É então que a situação da vítima se faz complicada. Entra o sentimento de injustiça que atiça aquele de vingança e de desejar que outro pague, que sinta na pele o que fez, e que assim se dê conta! Mas o outro parece que não só não enxerga como está confortável em seu nicho, parece que “ganhou” e nada perturba sua consciência... Sobra para a gente. A gente que sente ainda a dor, que enxerga a injustiça, que não recebeu um simples desculpas que iria curar todas as feridas...! O que fazer? • Ser fiel à ferida. • Chorar tudo o que precisa ser chorado, quantas vezes for necessário. • Sentir todo o sentimento, tanto a raiva e a vontade de vingança, como também a dor, a tristeza e a agonia da união rompida. • Ser sinceros consigo! • Deixar a dor de molho, em sinceridade e honestidade. E, um dia, sem que se espera... o perdão pode nos surpreender e trazer lágrimas de gratidão aos olhos.