Bento 16 elogia filme sobre vida de João Paulo 2º
Encontro de João Paulo 2° com Ali Agca na prisão é um das cenas mais elogiadas
Um novo filme, que teve pré-estréia mundial com a presença do papa Bento 16 no Vaticano, conta a vida de João Paulo 2º desde sua eleição como pontífice em 1978 até sua morte, no dia 2 de abril deste ano.
Além de Bento 16, outros seis mil convidados assistiram nesta quinta-feira a João Paulo 2º, do diretor canadense John Kent Harrison, que tem o ator John Voight no papel de Karol Wojtyla.
A influência de João Paulo 2º na queda dos regimes comunistas tem grande destaque, mas o filme mostra também o surgimento do mal de Parkinson e as últimas horas de vida do papa.
Bento 16 assistiu à projeção na platéia da sala Paulo 6º, onde são feitas as audiências públicas. No final, emocionado e muito aplaudido, Joseph Ratzinger cumprimentou os atores e técnicos e recordou seu predecessor.
“Esta visão renovou em mim a gratidão a Deus por ter dado à igreja e ao mundo um papa de tão elevada estatura humana e espiritual”, comentou em seu discurso.
Bento 16 disse que o filme “é mais uma prova do amor que as pessoas têm por João Paulo 2º”, cujo processo de beatificação já teve início.
Co-produção
O longa-metragem, de US$ 22 milhões, dura três horas, mas foi dividido em duas partes.
Realizado para a televisão, é uma co-produção entre Itália, Polônia e Estados Unidos. Na Itália, será transmitido nos dias 27 e 28 de novembro e, nos Estados Unidos, pela CBS, no começo de dezembro.
“A escolha dos atores, e do protagonista em particular, foi extraordinária”, disse à BBC Brasil o senador e ex-primeiro ministro italiano Giulio Andreotti, que viu o filme com o papa Bento 16.
Na opinião de Andreotti, que se disse comovido, John Voight soube representar perfeitamente o papa nos gestos e movimentos.
Algumas cenas mereceram elogios especiais por serem muito reais.
Em uma passagem, o pontífice encontra na prisão Ali Agca, responsável pelo atentado que, em 13 de maio de 1981, por pouco não tirou sua vida. A primeira cena do filme é justamente a do atentado, na praça de São Pedro.
Outra cena do mostra o momento de reflexão do papa diante do Muro das Lamentações, durante uma visita a Jerusalém.
Depois, a história volta para os anos de juventude em Cracóvia e percorre as etapas mais importantes dos 26 anos de pontificado, desde o anúncio de sua eleição em outubro de 1978.
Papa combatente
O filme passa a imagem de um papa combatente, ligado aos eventos mundiais.
O roteiro contou com a colaboração de duas pessoas muito bem informadas e sempre próximas a João Paulo 2°, até o momento de sua morte: o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro Valls, e o secretário particular do papa, e atual arcebispo de Cracóvia, monsenhor Stanislao Dziwisz.
“O filme mostra bem a parte política, mas é carente na parte espiritual”, analisa o padre polonês Yarek Cielecki. Ele acha que o ator conseguiu ser fiel à imagem de Karol Wojtyla, principalmente na fase final, quando ele está doente.
“É seguramente uma bela recordação para as pessoas”, comentou padre Yerek, que elogiou o uso de algumas cenas reais, de arquivo.
Segundo filme
Este é o segundo filme sobre a vida de João Paulo 2° em poucos meses. O primeiro foi realizado por um canal de televisão privado italiano, duas semanas depois da morte do pontífice, e analisava principalmente a parte da juventude e da vocação de Wojtyla, antes que fosse eleito papa.
Segundo o padre brasileiro Jonas Abib, fundador da comunidade católica Canção Nova, que esteve na platéia durante a projeção no Vaticano, a série vai ser vista por muita gente.
“É um filme religioso, ideológico e profundamente humano, capaz de fazer com que muita gente mude a mente e o coração”, disse.
Padre Jonas acha que o filme vai fazer sucesso também no Brasil. “Precisamos vê-lo, vai mexer com o coração de muita gente”, aposta.
De acordo com jornais italianos, João Paulo 2º teria sido financiado em parte pelo grupo conservador católico Opus Dei.
