Permanecer no Likud seria 'perda de tempo', diz Sharon

Por Gazeta Admininstrator

Retirada de Gaza colocou Sharon em situação desconfortável no Likud
Ao deixar o partido governista Likud nesta segunda-feira, o primeiro-ministro israelense Ariel Sharon afirmou que seria "perda de tempo" continuar na legenda.
Num comunicado realizado em rede nacional de televisão, Sharon disse que "o Likud, no seu formato atual, não pode levar Israel em direção a seus objetivos".

"Eu fundei o Likud para servir a uma idéia nacional e trazer esperança ao povo israelense. Infelizmente, isso não existe mais", afirmou Sharon.

O primeiro-ministro também pediu ao presidente Moshe Katsav que dissolva o Parlamento, abrindo caminho para as eleições antecipadas no país.

O parlamento já aprovou o primeiro passo para sua dissolução e Katsav disse que as eleições vão ser realizadas o mais rapidamente possível.

O líder israelense, que fundará um novo partido, disse que seu "novo movimento liberal nacional" dará a Israel uma nova esperança de estabilidade e criará a base para um acordo de paz.

Reação

Lideranças palestinas mostraram otimismo em relação à saída de Sharon. Um dos principais negociadores palestinos, Saeb Erekat, disse que a magnitude da notícia não deve ser subestimada.

"É uma erupção de primeira grandeza. Um vulcão na vida política israelense", disse ele.

"Não é o caso deste partido ir para a direita e o outro para a esquerda. É a reestruturação dos partidos políticos israelenses levando em conta como eles entendem que a paz conosco deve ser atingida."

"Como palestino, espero que quando a poeira baixar, teremos um partido que deseje de uma vez por todas caminhar para uma solução pacífica e chegar a solução de dois Estados", acrescentou.

Likud

No domingo, o Partido Trabalhista de Israel anunciou sua retirada da coalizão de governo, detonando o processo.

Sharon e o líder trabalhista Amir Peretz teriam concordado em antecipar as eleições de novembro para março de 2006.

Com a saída de Sharon do Likud, a política israelense vai se realinhar, o que já vinha sendo esperado nos últimos dois ou três anos, segundo o correspondente da BBC em Jerusalém, James Reynolds.

Sharon espera conseguir o apoio dos eleitores de centro nas próximas eleições e conquistar um novo mandato de primeiro-ministro, disse Reynolds.

Ariel Sharon ajudou a fundar o direitista partido Likud em 1973.

Mas a retirada israelense da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia, em agosto deste ano, desagradou a muitos linha-dura do partido.

Mas, enquanto Sharon perdeu apoio dentro de seu próprio partido, suas políticas agradaram cidadãos israelenses que não querem negociar com os palestinos e nem controlar seus territórios.