Peru declara estado de emergência após ataque do Sendero

Por Gazeta Admininstrator

O presidente Alejandro Toledo declarou nesta quinta-feira estado de emergência na selva central do Peru, onde o grupo maoísta Sendero Luminoso matou oito policiais. Reuniões públicas estão proibidas, e a polícia e os militares ganharam poder de revistar casas e efetuar prisões sem ordem judicial.

A emboscada contra os policiais, que faziam uma patrulha de rotina, aconteceu na terça-feira, na região de Huanuco, 350 quilômetros a nordeste de Lima.

O Sendero Luminoso foi muito ativo entre o começo da década de 1980 e o final da de 1990. Novamente ativo, já matou 19 policiais e militares neste ano. Autoridades e estudiosos dizem que o grupo está ligado ao lucrativo mercado da cocaína.

O Peru é o segundo maior exportador mundial da droga, e a produção aumentou expressivamente desde 2003, junto com a ampliação das áreas cultivadas com coca.

- Este é o novo conflito armado do Peru, e ele gira em torno da coca, da defesa da coca e de uma aliança entre os narcotraficantes e os remanescentes do Sendero Luminoso - disse o analista independente Jaime Antezana.

Novas áreas de cultivo de coca estão se espalhando pela selva central do Peru, apesar da destruição de 12 mil hectares neste ano. Segundo o governo, o crescimento se deve ampliação dos cartéis mexicanos e colombianos.

- Os traficantes estão ficando cada vez mais sofisticados, e há grupos rebeldes coligados com traficantes mexicanos e colombianos - disse Fernando Hurtado, subdiretor da agência estatal antidrogas.

Hurtado estima que o Peru tenha capacidade de produzir 170 toneladas de cocaína neste ano, 6% a mais que em 2004 e 25% a mais que em 2003.

Para Benedicto Jimenez, ex-diretor da polícia antiterrorista e responsável pela captura do fundador do movimento, Abimael Guzmán, em 1992, os rebeldes não são mais maoístas, "e sim bandidos ganhando a vida com o crime".

- Eles venderam sua ideologia para ganhar dinheiro - disse o primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski.

O Sendero Luminoso começou a sua "guerra popular" no Peru queimando urnas eleitorais nos Andes, em 1980, na véspera da primeira eleição democrática em 12 anos.

Em 2003, uma comissão estabelecida pelo governo culpou o Sendero por mais da metade das 69.280 mortes da guerra civil.