Pessoa Física x Pessoa Jurídica

Por Marcelo Mello

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Parece óbvio, mas não é todo mundo que enxerga. Parece conversa mole de consultor, mas não é todo mundo que escuta. Essa é uma das principais razões dos novos negócios não prosperarem.

Do que estou falando? Da mistura comum que as pessoas fazem ao confundir Pessoa Física com Pessoa Jurídica.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O caixa de uma empresa, não importa seu tamanho, é da empresa, portanto, não é a carteira dos sócios ou do empreendedor. Nós, consultores, deixamos isso claro. Pelo menos eu deixo e sei de meia dúzia que também age assim.

Tenho um amigo que fez um sucesso estrondoso com uma marca de roupas que levava seu nome. Eram os anos oitenta, uma década de moda esquisita, mas é fato que as pessoas se vestiam melhor do que hoje, quando parece que todo mundo acabou de jogar bola na esquina. Nos anos noventa, sua marca estava no auge. Vendia muito, roupas boas, caras e de raro bom gosto. Ele fez tanto sucesso, ganhou tanto dinheiro, abriu tantas filiais por São Paulo e outros estados do país que chegou a pensar em abrir uma loja em Mônaco!

De repente, achando que sua marca estava consolidada – de verdade estava –, ele resolveu, sem mais nem menos, misturar sua vida pessoal à empresarial. Saiu por aí gastando feito um doido um dinheiro que deveria ser mantido nos cofres para fornecedores, ampliações, sustentação do negócio como um todo.

Montou uma equipe de carros de corrida. Em outras palavras, pegou um dinheiro bom e o colocou em algo ruim. Correr era para ser um hobby. E ele tinha condições de manter aquilo, mas não uma equipe. Aquele gasto desnecessário era um ralo, não tinha retorno e nem teria, muito menos para quem entendia de roupas, não de outra coisa.

A vida é assim mesmo, quando há muito dinheiro entrando, a gente acha que esse cenário se perpetuará. O problema é que dinheiro não aceita desaforo. Ele sai muito mais depressa do que entra. Essa lei é infalível.

Conversei com ele longamente certa vez. Disse com todas as letras: “Cuidado, você está deslumbrado. Está bancando suas aventuras com dinheiro do caixa da empresa e não com as reservas que deveria ter feito nas suas contas pessoais”.

Ele ouviu? Não. Me pagou para que eu dissesse a verdade, mas não quis escutar. Agindo assim, em poucos anos chegou a ser processado por dois franqueados por não ter estoque para reposição em época de Natal. Havia gasto boa parte do dinheiro da produção em besteiras. Acabou perdendo tudo. Infelizmente.

Esse cuidado temos que ter sempre. Seja lá você consultor de vendas independente, que não deixa de ser um negócio, ou um empresário médio ou grande. Dinheiro da empresa é da empresa. Você tem que ser remunerado como se recebesse um salário e este tem que ser compatível com o faturamento. E mesmo assim, só receber depois que as outras despesas estiverem pagas. Empreender é bom, sempre recomendo, mas há que se ter disciplina. Caso contrário, seu sonho acabará no ralo. E não se faz isso com sonhos!