Mais uma vez nada de futebol, Campeonato Brasileiro ou Copa do Brasil. Se você tem filhos, sabe que esse assunto é muito mais importante. Você quer que o seu filho seja um campeão?
Aposto que mais do que 90% das respostas são afirmativas. Minha tendência, na maioria das vezes, também é responder “sim, claro”. Cada vez mais me pergunto se é a resposta correta. Esse texto vai ter muitas teorias, todas totalmente subjetivas, sem comprovação científica nenhuma. Vou me basear no “achismo”. Além de jornalista, sou um “palpiteiro profissional”. Você realmente quer ter um filho campeão? Nos Estados Unidos, isso é quase um um objetivo de vida, criado pelo “departamento financeiro” de cada casa. Se o seu filho for campeão, em qualquer esporte, tem grandes chances de conseguir uma bolsa de estudos na faculdade e evitar o gasto de muitos milhares de dólares.
Então, a criança começa a competir aos 3 ou 4 anos de idade. O primeiro passo é descobrir de que esporte ele gosta. Não interessa se gosta ou não de esporte. Esporte é importante e ele vai ter que fazer. Certo?
Depois disso, sem perder tempo, os pais vão ver se ele tem jeito para jogar o esporte escolhido. Se não tiver, vai ter que gostar de outro esporte. Se vira moleque, tem que escolher outro. E aí começa uma pressão dos pais, voluntária ou involuntária, para que o filho se destaque no esporte “escolhido”.
Ele tem que jogar bem, ele tem que treinar, ele tem que melhorar… Só assim vai nos livrar da conta gigantesca de uma universidade americana. Será que ele quer isso? Será que fica feliz com isso? Então, vou piorar esse dilema dos pais.Tenho conversado muito com alguns campeões olímpicos e mundiais e todos eles tem uma característica em comum. Mais do que gostar de ganhar, eles odeiam perder.
Joaquim Cruz, campeão Olímpico nos 800 metros em Los Angeles/84, trocou o basquete pelo atletismo quando era criança porque os amiguinhos do basquete não ficavam tristes quando o time perdia. Ele tinha que se esconder para chorar sozinho. Chegou a conclusão de que precisava praticar um esporte individual para ser 100% responsável sobre suas vitórias ou derrotas. O quanto isso é passado pelos pais e o quanto é da personalidade de cada criança? Eu odeio perder. Não esqueço a derrota. Não sei quantos campeonatos ou lutas (atualmente pratico jiu-jitsu) eu ganhei, mas me lembro de todas as que eu perdi. Me lembro de todos os adversárioa que ganharam de mim. E ainda vou dar o troco em cada um deles. (risos)
Aí, fiquei conhecendo um cara que odeia perder mais do que eu. Meu filho. Ele tem 7 anos e quer tomar banho primeiro, acabar de comer primeiro, ganhar em todas as brincadeiras, todos os jogos, apertar o botão do sinal para atravessar a rua antes que a irmã de 3 anos.
E quando o assunto é esporte, ele fica louco. Joga basquete, futebol, já disputou um campeonato de baseball, tênis… Ele gosta. Assiste jogos na TV, vai em restaurante que tem televisão para ficar assistindo as partidas da NBA. E perder um jogo está completamente fora de questão.
No começo, senti orgulho e uma felicidade enorme por ter um megaparceiro, que desde pequeno pensa como eu. Continuo orgulhoso, feliz, mas preciso encontrar o ponto certo para conversar com ele sobre a derrota. Aí é o problema. Não posso ensiná-lo a perder. Sou contra. Acho que, se você perde, tem que respeitar o vencedor, mas não pode aprender a perder. Não pode achar normal.
Como fazer isso? Agora, finalmente, vem a conclusão da coluna. Aquela parte que o cara tira todas as dúvidas e você se sente aliviado. Então, vou dizer: Não sei. Não tenho a menor ideia do que fazer. Vou rezar muito para que o Papai do Céu não me deixe fazer nenhuma grande besteira na educação das crianças. Vou pedir para que meus filhos sejam felizes. E, claro, que ganhem todos os seus jogos.
Avaliações da Semana
BOLÃO
Copa do Brasil
Adoro campeonato “mata-mata”. Sei que campeonato de pontos corridos é mais justo, mas não existe nada mais emocionante do que partidas decisivas. Para o meu gosto, ponto para a Copa do Brasil. Muito mais legal do que o Campeonato BrasileiroBOLACHA
Fórmula 1 nos Estados Unidos
No último final de semana teve corrida. Lewis Hamilton ganhou, mas não adianta, a impressão que eu tenho é de que a Fórmula 1 nunca vai pegar no país da Nascar.BOLINHA
Adriano
Não sei se é certo sentir pena de alguém, mas é o que eu sinto pelo atacante Adriano. Ele poderia ser um dos melhores do mundo, poderia ter feito a diferença na última Copa, mas, por problemas extra-campo, jogou tudo fora e está quase assinando contrato com um time da segunda divisão da França. Mais uma “última chance” que ele tem, se o MP deixar. Semana que vem estou de volta.