Pioneira do futebol americano feminino no Brasil, carioca disputa a liga dos EUA

Por Simone Raguzo

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O futebol é quase unanimidade quando o assunto é o esporte preferido entre os brasileiros. Mas outro esporte tem buscado ganhar espaço no Brasil e conquistar o gosto dos canarinhos: o futebol americano.

Apesar de não ter muitas semelhanças com o futebol “tradicional” que os brasileiros conhecem bem, a modalidade esportiva mais popular entre os esportes nos Estados Unidos, mesmo que timidamente, tem conquistado não só homens rápidos e fortes, mas também uma ala mais delicada, mas não menos capaz: a das mulheres.

A carioca, Deniele Barbosa, 27 anos, é uma das pioneiras no futebol americano feminino no Brasil. Aos 17 anos, era a única menina na época a praticar o esporte. Sem companheiras, ela jogava de igual para igual com o meninos, amigos da escola, sempre apoiada pela família. Mas Deni não sossegou até fazer com que outras garotas também se interessassem pelo esporte.

“Em 2004, em Copacabana (RJ), formamos nosso primeiro time de Flag, que só precisava de cinco na linha. No mesmo ano, um time em Saquarema foi formado também e, no final de 2004, houve o primeiro amistoso, que foi realizado entre as duas equipes”, conta a atleta, considerada a melhor quarterback por diversas vezes, função ocupada por um dos seus ídolos: Tom Brady.

A partir daí, o futebol americano feminino começou a evoluir. Outras equipes surgiram e formou-se uma associação, que teve como primeira presidente Deniele. “Depois eu formei o meu próprio time, o Coyotes de Copacabana. Nele, conquistamos três títulos estaduais consecutivos (2006/2007/2008). Foi graças a essas conquistas que conseguimos o apoio do Vasco. Levamos o projeto de que éramos campeãs e, no início de 2010, o Vasco se interessou e nos chamou em São Januário. Com o Vasco, fui campeã mais um ano”.

Exatamente quando foi campeã pela equipe vascaína, a brasileira formada em Educação Física e pós- graduada em Psicomotricidade decidiu alçar voos mais altos: vir morar nos Estados Unidos, a terra do futebol americano. “Vim estudar inglês e aumentar meu horizontes. O futebol americano sempre foi a minha paixão e morar no país onde esse esporte é paixão nacional faz muito sentido. Certamente é mais um dos motivos que me fazem apreciar os Estados Unidos”, conta Deni, que hoje reside em Pompano Beach, no sul da Flórida.

Além de estudar, é claro, ela buscou estar em contato com o esporte e, hoje, integra a equipe profissional Miami Fury, que participa da liga WFA (Women’s Football Alliance), na qual competem 60 equipes de todos os Estados Unidos.

O sonho de poder viver somente em função do esporte já ficou para trás há bastante tempo, segundo conta Deni. Mas continuar vendo o esporte evoluindo no Brasil, mesmo estando longe, continua sendo seu grande objetivo. “Eu espero que um dia o Brasil reconheça o futebol americano como um esporte, como faz com o futebol, vôlei e basquete”, diz.

Para quem se interessa pelo esporte, ela dá as dicas. “Antes de tudo é necessário ter disciplina, como qualquer outro atleta. Em segundo, o atleta de futebol americano precisa ter muita resistência física, para aguentar quase três horas de jogo”.

Deniele e suas companheiras de equipe batalham para continuar praticando o esporte, mesmo sem nenhum retorno financeiro. “Sendo uma liga feminina, não temos tantos patrocicadores e público nos estádios, então o dinheiro fica curto, servindo apenas para pagar os técnicos e pequenas despesas. Na maioria das vezes, temos que arrecadar fundos para pagar viagens ou gastos extras. Todas as atletas trabalham e muitas ainda estudam. Ou seja, jogar futebol americano tanto no Brasil quanto nos EUA é somente para os apaixonados pelo esporte”, destaca.