Pitico: 'Meu filho não é bandido, isso é uma armação da polícia'

Por Gazeta Admininstrator

Abatido, com os olhos vermelhos de cansaço e praticamente há quatro dias sem dormir e se alimentar direito, o ex-jogador do Santos Ronaldo Barsotti de Freitas, o Pitico, de 56 anos, falou na quarta-feira pela primeira vez, com exclusividade ao DIÁRIO, sobre a prisão de seu filho, Ronaldo Duarte Barsotti de Freitas, o Naldinho, de 33. Segundo ele, Naldinho é inocente.- Meu filho não é bandido, acho isso uma armação da polícia - afirmou.

Naldinho é acusado por policiais do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de comandar uma quadrilha que movimentaria 2 toneladas de cocaína por mês no eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais e forneceria drogas para facções criminosas desses estados. Junto com ele foram presas outras 12 pessoas, entre elas Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, de 34 anos, filho de rei Pelé.

Pitico conta que o filho já cumpriu pena de 6 anos de reclusão por tráfico, na Penitenciária Adriano Marrey, em Guarulhos, e em São Vicente. Mas desde 1999, quando saiu da prisão, mudou de vida e se recuperou.

- Tudo o que ele tem está documentado e declarado no Imposto de Renda. Se fosse produto de droga, não estaria no ramo até hoje - avaliou Pitico. O pai diz que Naldinho também foi acusado de homicídio e tráfico e absolvido por unanimidade pela Justiça.

Segundo Pitico, o filho nunca quis que a família fosse visitá-lo na prisão.

- Ele sabia que eu passaria mal. Toda vez que saía de lá vomitava. É uma situação humilhante, porque eles revistam a gente por inteiro e até deixam nu - lembrou.

O ex-jogador, amigo de Pelé, afirma que o filho nunca lhe deu problemas.

- Até hoje ele só tem correspondido a tudo que a família esperava. Casou-se com uma dentista de família tradicional, tem dois filhos e é um excelente pai - afirmou.

Pitico deu a entrevista no escritório de seu advogado, Eduardo Elias, em Santos. Segundo Elias, até agora a polícia nada apresentou de concreto em relação à prisão das 13 pessoas.

- Estou esperando provas. Até agora, há apenas no inquérito informação de que existem interceptações telefônicas e locais visitados pela polícia. Mas a quem pertencem esses locais não sabemos - afirmou Elias.

Segundo o advogado, depois que todas as pessoas já haviam sido presas apareceu a apreensão de droga.

- Eles falam em cinco quilos de cocaína, que nesse caso é irrelevante, mas no inquérito só aparece um quilo e oitocentos e ninguém sabe de nada - explicou.

Elias afirma que, em seus 23 anos como criminalista e 17 como professor universitário, nunca viu um caso ter tanta repercussão como esse.

- Se não houvesse o Edinho, filho da personalidade que é, será que o caso teria tanto destaque? - perguntou o advogado.

O advogado compara a prisão dos acusados com assassinato sem provas.

- É a mesma coisa que estivéssemos falando de um homicídio sem que ninguém nunca tivesse visto o corpo - explicou.

Além da prisão de Naldinho, a família de Pitico enfrenta novo desafio. Salvar o filho mais novo, que estaria correndo risco de morte. Jean Michel Duarte Barsotti de Freitas, de 28 anos, é dependente químico, mas acabou flagrado com um quilo de maconha e detido por tráfico. O rapaz cumpria pena por tráfico no Centro de Ressocialização (CR) de Sumaré, no interior de São Paulo, e estava prestes a sair. Porém, sem explicação, o transferiram na quarta-feira para a Penitenciária de Hortolândia.

- Meu filho está correndo risco de vida lá. Não sei porquê fizeram isso. A recuperação dele não significa nada? - indaga o pai.

Pitico, que mora em Limeira, diz que a cidade está fazendo até abaixo-assinado para que o filho volte ao CR de Sumaré.