Placas de granito matam e ferem brasileiros em Marlborough

Por Gazeta Admininstrator

O imigrante Valdecir Rodrigues, de 38 anos, natural de São Borja, Rio Grande do Sul, estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo para manter o bem-estar de sua família, incluindo arriscar a vida ao cortar e carregar placas de granito e mármore por oito dólares à hora. Rodrigues, residente em Hudson, Massachusetts, havia chegado aos Estados Unidos há dois anos e meio em busca de uma vida melhor e morreu na segunda, 3 de outubro, quando lâminas de granito, pesando várias toneladas, deslizaram e o esmagaram. Já o mineiro Edson Alves, de 31 anos, natural de Tarumirim, colega de trabalho de Valdecir, sofreu ferimentos leves, foi levado ao Marlborough Hospital, sendo liberado logo em seguida.
“Eu nasci de novo”, disse Alves. “Pensei que fosse morrer quando vi as lâminas de granito caírem em cima da gente. Eu consegui gritar por socorro, mas infelizmente o Valdecir não pôde gritar”.
Edson disse que ele e Rodrigues estavam tentando colocar as peças de granito em um pequeno trator (forklift) para levá-las à uma mesa onde eles iriam cortá-las. Os dois brasileiros trabalhavam na empresa Atlantic Stone Industries, na 894 Boston Post Road East, que corta peças de mármore e granito para cozinhas moduladas, pisos e revestimentos.
“Eu vi as lâminas caindo sobre mim e o Valdecir”, relatou ele. “Parecia que uma parede estava caindo em cima da gente”.
As peças atingiram Alves na cintura e esmagaram a região abdominal de Valdecir. Edson não pôde mover-se porque ficou preso sob as lâminas de pedra e gritou por socorro. Colegas de trabalho removeram as peças de cima de ambos trabalhadores. Apesar dos ferimentos, Alves pensa em voltar ao trabalho.
“Ainda estou chocado, mas talvez volte ao trabalho”, disse ele. “Ainda tenho que ver”.
“Ele foi trabalhar e nunca mais voltou para casa. Como isso pôde acontecer conosco?” Disse Elisabete, sua esposa, lutando contra as lágrimas e tentando consolar Guilherme.

Elizabete expressou desejo em retornar ao Brasil, acompanhando o corpo do marido à Porto Alegre, onde ele será enterrado ainda esta semana, mas ela acha que trairia os sonhos de Valdecir se voltasse.

Elisabete recorda-se de Valdecir como um bom marido e pai carinhoso, bastante dedicado à ela e os filhos. Ele era também um bom amigo, sempre disposto a ajudar as pessoas em dificuldades.

“Se alguém precisava de dinheiro para pagar o aluguel, ele emprestava mesmo que tivesse que atrasar seu próprio aluguel”, disse Rosaldo Moreth ao Metrowest, que conheceu o casal assim que eles chegaram aos EUA. “Valdecir era um bom amigo, uma pessoa trabalhadora, um homem generoso”.

Seguindo o desejo do marido, Elisabete concordou em doar seus órgãos, pois ele havia registrado sua intenção no verso de sua carteira de motorista brasileira.

“Ele morreu, mas seus órgãos poderão salvar outras vidas”, disse ela. “Ele sempre quis ajudar os outros, mesmo depois de morto”.

Para Moreth, o que aconteceu com Rodrigues tornou-se comum entre os imigrantes que trabalham em funções perigosas por pouco dinheiro, pois não falam inglês e não possuem autorização oficial de trabalho.

“Viemos para cá forçados pela situação financeira em nossos países e porque queremos oferecer um futuro melhor à nossas famílias”, disse ele ao Metrowest.

“Arriscamos nossas vidas para manter nossas famílias e construir este país. Esta é a vida do imigrante”, concluiu Moreth.