Polícia do DF prende chefe de "quadrilha virtual" acusado de extorquir o deputado Luis Miranda

Por Arlaine Castro

Com câmeras e microfones escondidos, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) ajudou a Polícia Civil do DF a prender em flagrante, na noite de quinta-feira, 5, Daniel Luís Mogendorff - chefe de uma quadrilha que, segundo o deputado, o extorquia há mais de um ano e que já vinha sendo investigado pela polícia brasileira por outros casos de extorsão e lavagem de dinheiro na capital federal. Deputado Luis Miranda afirma que não vai entregar passaporte e vai recorrer O deputado federal conversou com o Gazeta News nesta sexta-feira, 6, sobre o caso e disse que Daniel é o "cabeça" de uma quadrilha de um grupo de youtubers que o ameaçava com vídeos postados na internet onde aparecem dizendo terem sido vítimas de golpes financeiros envolvendo o deputado. "Ele começou a desconstruir a minha imagem colocando conteúdos falsos no Youtube e outras redes sociais. Depois, entrava em contato para pedir dinheiro para retirar os vídeos. Em maio de 2018, cheguei a pagar 10 mil dólares num acordo com outra pessoa, mas o vídeo não foi retirado e ele (Daniel) disse que era ele quem tinha o poder de decisão e me pediu mais. Todo esse tempo fazendo ameaças e criando uma retórica sobre minha pessoa que não é a verdade para manchar minha imagem e tirar dinheiro", afirma. Após as eleições no ano passado, o deputado disse que foi procurado novamente por Daniel que pediu ainda mais dinheiro para retirar os vídeos do ar. "Ele exigia R$ 760 mil para retirar as publicações produzidas nas redes sociais. Vim negociando para saber de onde eram esses caras porque eu não tinha nada a esconder e não tenho. É uma quadrilha que age e ganha muito dinheiro com extorsão", destaca o deputado. Há pelo menos um mês, Daniel retomou contato com o parlamentar que fez a proposta para eles se encontraram pessoalmente em Brasília para repassar o dinheiro. Luis Miranda comunicou o fato à polícia que montou a operação. Daniel teria desembarcado em Brasília na quarta-feira, 4, direto de Israel, onde mora. Mas o flagrante só ocorreu no dia seguinte, após um encontro entre o deputado e o acusado. O flagrante Para o flagrante, a polícia colocou microfones e câmeras invisíveis na roupa do deputado. "Parecia coisa de cinema. Um dos botões da minha camisa tinha uma filmadora. A polícia estava muito bem preparada. Havia uns 20 agentes no local acompanhando. O encontro aconteceu na quinta-feira, no restaurante Coco Bambu, no Lago Sul. Sem saber que estava sendo gravado, durante a conversa com Luis Miranda, Daniel confessou golpes como lavagem de dinheiro para políticos influentes por meio da venda de diamantes na capital. O deputado foi instruído a passar somente 4 mil reais como "sinal" e combinar que daria o resto depois, para ficar comprovada a extorsão. Tão logo entregou o dinheiro, o homem seguiu de volta para o hotel no Setor Hoteleiro Sul, onde foi detido pela equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC). A operação foi comandada pelo delegado Giancarlo Zuliani. Em três páginas, no depoimento do deputado à polícia logo depois da prisão, enviada ao Gazeta News, o parlamentar afirma ainda que Daniel pediu R1 milhão de reais para evitar que uma matéria que estaria sendo feita contra o deputado fosse ao ar. Enquanto corre a investigação, a polícia quebrou o sigilo telefônico e bancário do deputado. Outras quatro pessoas envolvidas no esquema de extorsão e que também estão sendo investigadas pela DRCC são Giselle Sousa Pereira, Mauro Cavanna, Eder Santos e Santista. Todos foram indiciados por extorsão, incitação ao crime, organização criminosa e difamação. Leia também Luis Miranda, Youtuber brasileiro, entra na disputa por vaga em Brasília