“A polícia não quer saber seu status imigratório”, diz policial brasileira

Por Marisa Arruda Barbosa

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Há 10 anos, quando a mineira Ludmila Quintão entrou para a polícia de Fort Pierce, havia mais brasileiros na região. “Eu era muito envolvida com a comunidade, sempre ajudava os brasileiros, formamos um grupo na igreja católica”, relata. “Com a crise, a grande maioria foi embora. Eu raramente encontro com conterrâneos”.

Mesmo assim, a única policial brasileira da cidade continuou seu trabalho comunitário, principalmente na educação da comunidade imigrante, composta principalmente por haitianos e hispânicos. “Temos um trabalho grande de educação para que eles não tenham medo de denunciar crimes”. Ludmila arrisca dizer que o fato de ela ser policial faz com que os poucos brasileiros que vivem na região tenham medo de ficar muito próximos. “Sempre digo que a polícia está contra o crime e não contra o imigrante. Sempre deixo claro que a polícia não é a Imigração. Se você é vítima, você é vítima e tem direitos sob a Constituição de ser protegido. Ninguém quer saber seu status imigratório”.

Ludmila é natural de Belo Horizonte, mas foi criada em Coronel Fabriciano. Há 21 anos, ela veio morar nos Estados Unidos e, hoje, é detetive do Departamento de Polícia de Fort Pierce, onde investiga, principalmente, crimes sexuais e tráfico humano. Pelo que se tem conhecimento, ela é a única policial brasileira da cidade.

“Em relação ao tráfico de pessoas, quando são casos envolvendo imigração, nós repassamos ao órgão federal de imigração”, explica ela, que trabalha muito próxima ao Department of Homeland Security. Uma ocorrência comum na região é a chegada de embarcações com imigrantes na costa. “Nesse caso, é o FBI que é acionado”, disse ela. “Mas vemos isso acontecer o tempo todo. É muito comum ver imigrantes fazendo essa travessia perigosa”.