Policiais que mataram brasileiro são colocados em funções administrativas

Por Gazeta Admininstrator

O mineiro de Caratinga Junior Patrício de Sá, de 31 anos, foi morto por policiais, na noite de domingo(4), após uma briga a faca com seu roommate Adonirio Silva, de 47 anos, no apartamento em que viviam, em Deerfield Beach. Os dois oficiais que participaram da ação foram afastados de operações externas e colocados em funções administrativas, até a conclusão das investigações. São eles: Vincent Campos, de 42 anos, e James Morrisroe, de 40 anos.

De acordo com o Broward She-riff’s Office (BSO), Campos foi contratado pela polícia local em outubro de 2005, e Morrisroe em maio de 2006. Ambos são mencionados como veteranos policiais, que serviram na polícia de New York.

Os departamentos de Assuntos Internos e de Homicídios do BSO estão investigando as circunstâncias do disparo que matou o brasileiro.
O fato aconteceu às 10:15 da noite quando policiais do serviço 911 atenderam a um chamado de vizinhos que reclamavam de música alta e briga entre dois brasileiros em um apartamento do condomínio Heritage Circle Apartment Complex, no 4300 da Northwest Ninth Avenue. Quando os policais chegaram os dois brasileiros brigavam utilizando uma faca. De acordo com os vizinhos, os dois estavam brigando por causa do aluguel.

Os agentes ordenaram que baixassem a faca, e como a briga continuou, os policiais atiraram em ambos, informa o boletim de ocorrência. Junior Patrício de Sá morreu na hora. Adonírio Silva foi levado para o North Broward Medical Center em estado grave, com pelo menos um tiro e um corte na cabeça. Ele permanece hospitalizado.
Ao chegar ao edifício, os policiais foram guiados por uma moradora até o apartamento 342. Do lado de fora, já era possível, segundo vizinhos, ouvir os gritos dos dois e alguém dizendo que o outro iria matá-lo. Depois de baterem sem obter resposta, os policiais arrombaram a porta.

Cena do Crime
A porta-voz da polícia, Veda Coleman-Wright, informou que os policiais encontra-
ram Júnior de Sá com a faca no pescoço, de Adonírio Santos, pronto para atacar.
Segundo ela, Adonírio estava em fren-te ao agressor, e teria tentado livrar-se, tirando a faca de Júnior. Os policiais atiraram, mas não há ainda informações de quantos tiros foram disparados, e quantos atingiram cada um.
Ambos trabalhavam como pintores de parede, e viviam em um apartamento de dois quartos, com um terceiro roommate. De acordo com a vizinhança eles eram conhecidos por serem rudes.
A vizinha Jennifer Mendes, de 29 anos, disse que aproximadamente 60% das pessoas que vivem no condomínio são brasileiros, e que muitos não falam inglês, ou falam muito pouco. Por esse motivo, disse ela, os vizinhos questionam se os dois homens realmente entenderam o que os policiais falaram.
O professor de capoeira Paulo da Silva, que mora no apartamento de baixo, acompanhou de longe praticamente todo o episódio que resultou na morte de Júnior. Paulo contou ter chegado em casa por volta das 10:30 da noite e visto os dois vi-zinhos discutindo na varanda. “Um estava na varanda com a faca na mão, discutindo com o outro. Quando saltei do carro eles pensaram que era a polícia chegando. Escutei um deles dizer: - Tá vendo o que você fez? Os caras chegaram”, conta Paulo.
Ele afirma ter ouvido um dos vizinhos ameaçar matar o outro. “Eles jogaram uma cadeira para cima e quebraram copos. Quando entrei em casa, minha mulher já estava em pânico, e vários vizinhos já haviam chamado a polícia”, lembra.
Paulo contou também ter ouvido os policiais ordenando que o agressor largasse a faca, enquanto a vítima dizia: - Me largue, me solte. “Escutei o policial mandar pelo menos quatro ou cinco vezes ele largar a faca. Ele dizia : drop the knife, e depois ouvi os tiros. Não ouvi nenhum dos brasileiros falarem nada em inglês”, conta.

Antecedentes
Vizinhos do condomínio onde moravam Júnior e Adonírio afirmam que os dois causavam problemas freqüentes por causa das festas que promoviam. “Um dia antes a minha mulher havia chamado a polícia para eles, porque bebiam e gritavam às 4 da madrugada. No condomínio havia um abaixo-assinado para retirá-los do prédio por causa do barulho que faziam. Júnior uma vez ameaçou dar uma facada em uma vizinha porque ela havia chamado a polícia para ele. Eles estavam abusando demais”, concluiu Paulo.