População desarmada, o caminho para a perpetuação de uma minoria no poder - Parte II

Por Jamil Hellu

corrupcao

A degradação moral do brasileiro chegou a níveis impressionantes e inimagináveis até algum tempo atrás.

O Brasil de hoje talvez seja um dos países do mundo que melhor convive com o absurdo, desenvolvendo com o passar de anos e décadas uma experiência sem igual em aceitar a aberração como uma realidade banal do dia a dia, tal como se aceita o passar das horas ou o movimento das mares.

Inverteu-se os valores.

O nosso “muro moral” anda cada vez mais baixo, jogado no lixo, impera a “lei de Gérson” em seu estado mais bruto.

Décadas de relativização moral (apagou-se as fronteiras entre certo e errado) e de quase glamourização do crime, descrito como a ação de “vítimas da sociedade”, além do mau exemplo dos governantes, legisladores e julgadores, que pavimentaram o caminho para essa degradação que hoje impera no país. Reverter esse quadro é tarefa árdua, mas que precisa ser realizada urgentemente. Do contrário, o país se tornará uma nação de hipócritas, que se revoltam com a corrupção nos altos escalões, mas não pensam duas vezes antes de colocar o próprio interesse acima de qualquer outra coisa.

Tranformou-se (ou já era) num dos países mais corruptos do mundo.

Uma passarela gigante, onde facínoras das piores espécies se apossaram dos cargos mais importantes dos três (podres) poderes e desfilam (comandam) para uma plateia de duzentos milhões de abestalhados, que os escolheram e não tem como os remover dela.

Executivo e Legislativo dominados por bandidos da mais alta periculosidade, acoitados por magistrados da mesma laia, principalmente aqueles que compõem a sua mais alta corte, o STF.

O filósofo grego, Platão, há 2.400 anos, ao escrever a sua célebre “A República”, tendo como tema central a Justiça, parecia já profetizar o Brasil de hoje, através das alegorias da Caverna, das Correntes e das Sombras.

Da Caverna, relative aí ambiente onde ocorre a escravidão, ingenuidade a falta de crítica, principalmente sobre tudo o que se vê e se ouve.

Das Correntes, onde o senso comum faz com que as pessoas tenham uma visão ilusória, mentirosa e limitada sobre a realidade, iludindo-as e fazendo-as pensar que estão diante da verdade.

Das Sombras, onde se mostra a falsa realidade do mundo exterior, ou seja, o que o mundo exterior não é.

De todas elas, a da Caverna, e o Mito da Caverna se encaixam perfeitamente como uma luva, no exemplo (parte 1 deste artigo) do cavalo (o povo) amarrado (pelos governantes – 3 poderes) num pé de cebolinha. Com o aparecimento do político, a quem o povo deve continuar dentro da caverna e preso ao senso comum e a ingenuidade para que as pessoas possam ser dominadas e escravizadas.

Quanto ao Mito da Caverna, a maioria dos eleitores escolhem seus candidatos sem ter a mínima consciência política, sem ter um fundamento teórico para isso, que só a ciência e a filosofia podem dar. Mas, como eles (o eleitor) não têm acesso a esses conhecimentos, então, vivem na miséria intelectual do senso comum e passam a fazer escolhas dessa forma, complicando a vida daqueles (minoria) que tem uma visão mais crítica.

E a melhor e única forma de sair dessa caverna, hoje, é por meio da educação, da cultura e da informação.

Consequentemente, é um compromisso consigo mesmo.