Populismo de Chávez mais uma vez eclipsou Bush

Por Gazeta Admininstrator

Que ninguém pense que eu sou fã do caudilhesco e ultrapassado presidente da Venezuela. Hugo Chávez é, no meu ponto de vista, a prova mais bem acabada de que a ignorância e a irresponsabilidade dos políticos e líderes empresariais latino-americanos, seguirão sempre produzindo todas as condições ideais para o surgimento de lideranças no melhor estilo Fidel Castro. Até aqui, Chávez tem se saído melhor do que a encomenda.
E mais uma vez ficou provado isso na “batalha” travada esta semana quando, ao mesmo tempo em que o presidente norte-americano George W. Bush visitou Brasil, Uruguai, Colômbia e Guatemala e o presidente venezuelano fez giro “paralelo” ao Chile, Argentina, Bolívia e Honduras.
Essa turnê de Chavez foi milimetricamente pensada e articulada para eclipsar a visita de Bush, que tem uma das políticas mais desajeitadas e mal resolvidas das últimas décadas, em termos de Estados Unidos para a América Latina.
Um dos maiores problemas gerados pelos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos foi a concentração excessiva e paranóica, das lideranças do país em torno da “segurança interna”.
Isso se traduziu num constante isolamento do governo norte-americano, que em vez de emergir do episódio como grande vítima do radicalismo terrorista, acabou criando uma imagem de antipatia, auto-suficiência e arrogância que levaram boa parte do mundo a repudir a gestão de Bush e sua política.
O fenômeno “Chávez”, que era limitado ao território venezuelano, foi espetacularmente estimulado pelo “vazio” diplomático deixado pelos norte-americanos. E comos e sabe, em região onde a pobreza segue sendo o maior dos focos de tensão política e social, nada como um discurso inflamado, pretensamente revolucionário e claramente populista, para arrabetar platéias, simpatizantes e legiões de ativistas.
A partir de 2001, depois de enfrentar todas as iniciativas norte-americanas de desestabilização, Chávez se impõs a ferro e fogo aos venezuelanos e constroís rapidamente uma teia de influência, montada no petróleo venezuelano, que hoje está fincada fortemente na Bolívia e Equador, cresce ferozmente na Argentina, Colombia e Peru e, podem anotar aí, muito em breve será um problema de verdade para as lideranças políticas e empresariais do Brasil.
Aliás, já estamos sentindo o bafo do dragão de Caracas através da influência de sua doutrina nos rtecém vitoriosos governos da Bolívia e do Equador, países que assumidamente já tratam o Brasil como uma espécie de “imperialismo regional”.
E aí veio Bush, um dos presidentes norte-americanos de menor popularidade e carisma em toda a história dos Estados Unidos, realizar uma viagem que pretenderia sinalizar que Washington segue dando muita importância à América Latina.
Washington, na verdade, nunca deu tão pouca importância aos países latino-americanos quanto na gestão de George W. Bush. O próprio presidente e seu staff do Departamento de Estado já reconhecem isso publicamente.
Mas será que estariam empenhados em pelo menos demonstrar preocupação, caso não estivessem seriamente incomodados com a “lambança” que o presidente venezuelano está fazendo no continente?
Para os Estados Unidos, importante mesmo são seus aliados da Europa e mais que esses, os países que carregam em sí as mercadorias mais preciosas e vitais à economia noprte-americana: o petróleo e seus derivados.
O êrro de não entender a América Latina como seus verdadeiros aliados naturais, é histórico e parece nunca ser encarado de frente pelos dirigentes dos Estados Unidos, sejam Republicanos ou Democratas.
Chávez, com seu jeitão troglodita e sua retórica de palanque comunista está se tornando importante e relevante.
Porque a idéia de que o povão estaria simplesmente está “domado” ou “anestesiado” pela comunicação e entretenimento de massas, é uma idéia errada. Estúpidamente errada.
E a grande prova disso é que Chávez floresce usando os mesmos mecanismos de comunicação de massas para ocupar o vazio deixado pelas mensagens socialistas que naufragaram junto com o fim da União Sociética.
Bush bem que tentou. Sua viagem ao Brasil foi a etapa mais bem sucedida da viagem e ficou claríssimo que Washington quer ter no nosso país um ponto de apoio para contrabalançar o Chavismo. Lula parece ter dado todos os sinais de que vai seguir “acomodando” Washington e Caracas e chutando a bola da definição, para frente.
Mas na “parada de audiência e repecurssão” entre as turnês de Chavez e Bush, quem deu mais ibope foi mesmo o venezuelano.