Por que doenças como sarampo e pólio voltam a ameaçar o Brasil

Por Arlaine Castro

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O ano é 2018. O Ministério da Saúde do Brasil indica um quadro de vulnerabilidade do país a doenças antes erradicadas. Agora, com mais de 1.600 casos de sarampo confirmados e poliomielite avançando, o país corre contra o tempo para vacinar suas crianças menores de 1 anos e evitar uma epidemia maior. Enquanto as autoridades de saúde tentam diminuir o número e evitar uma epidemia, movimentos antivacina se espalham e, muito mais forte nos Estados Unidos e na Europa, eles também criam problemas ao incentivar que os pais não levem seus filhos para serem imunizados. No Brasil, o movimento ainda é menor, mas começa a ganhar adeptos. O movimentoantivacinaé uma ideia que cresce mundialmente, especialmente na Europa e América do Norte. Prova disso é o surto de sarampo queaconteceu na Itália, com mais de 4.000 casos, em agosto deste ano. A doença, que matava mais de 2 milhões de crianças por ano no mundo na década de 1990, foi erradicada no Brasil em 2001. Em 2016, recebemos o certificado da eliminação, assim como da rubéola, pela Opas (OrganizaçãoPanamerica ade Saúde). Até a última segunda-feira, 10, foram confirmados 1.673 casos de sarampo em todo o país e 7.812 estão sendo investigados segundo atualização feita hoje pelo Ministério da Saúde com base nas informações repassadas pelas secretarias estaduais de saúde. Atualmente, o país enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas são 1.326 casos e 7.738 em investigação; e em Roraima, o estado trabalha com o registro de 301 casos da doença, sendo que 74 continuam em investigação. E para piorar o quadro no Brasil, os surtos estão relacionados à importação da doença principalmente da Venezuela, já que o genótipo do vírus (D8) que está circulando no país é o mesmo que circula naquele país. A Venezuela enfrenta um surto da doença desde 2017. Por isso, é preciso crer que a situação do controle da fronteira é realmente preocupante e vai além de um controle de quantos estão entrando no país, mas da imunização daqueles que entram. “Alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (2), Rio de Janeiro (18); Rio Grande do Sul (18); Rondônia (2), Pernambuco (4) e Pará (2)”, diz nota divulgada pelo Ministério e publicado pela Agência Brasil. Até o momento, no Brasil, foram confirmados oito óbitos por sarampo, sendo quatro óbitos em Roraima (três estrangeiros e um brasileiro) e quatro no Amazonas (todos brasileiros, sendo dois do município de Manaus e dois do município de Autazes). A recomendação internacional é que pelo menos 95% das pessoas estejam imunizadas, ou seja, recebam a vacinação em dia. Dados preliminares do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) publicados pela Agência Brasil indicam que a média nacional de vacinação está em 94,7% para o sarampo e 93,6% para a poliomielite. Embora a doença ainda não represente um risco iminente à população global em geral por ter sido erradicada em diversos países nas últimas décadas (entre 1988 e 2017, o números de casos no mundo caiu de 350 mil para 22), há risco de o vírus voltar a infectar pessoas não vacinadas não só no Brasil como no mundo todo. Motivo pelo qual os movimentos antivacina não devem ser seguidos à risca.