Por que um imigrante brasileiro apoia Trump?

Por Arlaine Castro

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[caption id="attachment_129068" align="alignleft" width="198"] Segundo Peixoto, Trump lhe disse que fará a melhor lei de imigração para a segurança dos americanos. Foto: Arquivo pessoal.[/caption]

Estima-se que um milhão de brasileiros vivam nos EUA, boa parte em situação irregular. A proposta do partido democrata, de Hillary Clinton, na eleição atual é lutar em prol da regularização da maioria dos imigrantes sem documentos, que chegam a 11 milhões, deportando apenas aqueles que cometem crimes violentos.

O partido republicano, de Donaldo Trump, por sua vez, promete trabalhar para endurecer as leis atuais, dificultar a entrada ilegal e deportar todos os indocumentados.

Natural de Ipanema, cidade com cerca de 20 mil habitantes no leste de Minas Gerais, José Peixoto, de 56 anos, está nos Estados Unidos há 31 anos e pela segunda vez pleiteia uma vaga na Câmara de Representantes federal, pelo 26° distrito congressista da Flórida. Em 2012, o brasileiro também concorreu ao mesmo cargo, mas não foi eleito.

Mesmo sendo filiado ao partido republicano, Peixoto está concorrendo novamente como apartidário, mas atua na campanha por Trump e defende leis mais rígidas para imigrantes, além da suspensão da entrada de muçulmanos nos EUA.

Mas, o que leva um imigrante a defender um candidato que declara-se contra os mesmos? Em entrevista ao GAZETA, Peixoto explicou as convicções políticas que o motivam a apoiar Trump.

Imigrantes indesejados

Segundo o brasileiro, a ideologia partidária republicana diz respeito aos imigrantes indesejados, aqueles que vêm para os Estados Unidos fugidos do seu país por terem cometido algum crime, acham que ficarão escondidos e impunes aqui, mas também aqueles que vêm voluntariamente, com o intuito de permanecer nos Estados Unidos para ganhar dinheiro, mas que não pagam impostos e não procuram seguir as leis e a cultura americana.

“A comunidade brasileira nos EUA é muito grande e têm brasileiros que estão aqui há mais de 20 anos e não falam inglês até hoje, ficam só na comunidade, mal sabem sobre a cultura americana, suas leis e permanecem com o objetivo de apenas tirar dinheiro do país, sem pagar os devidos impostos”, diz. “Será que o cidadão americano está feliz com isto?”, questiona.

Ao citar cidadãos americanos, Peixoto afirma que refere-se também aos brasileiros, cubanos e outros imigrantes que são cidadãos dos EUA, pagam impostos e seguem as leis do país.

Ele, assim como os adeptos republicanos, defende a concessão inicialmente de uma permissão de trabalho ao invés do green card e alteração da concessão de anistia. “Sou a favor do imigrante, só não sou a favor das leis que favorecem os imigrantes e prejudicam o cidadão americano”, ressalta.

Um imigrante nos EUA

Questionado sobre também ter sido um imigrante sem documento um dia, o mineiro relata que veio aos EUA como turista, há 31 anos, e ficou um tempo sem documentos até legalizar-se por meio de casamento.

“Sou brasileiro, adoro o Brasil, ensino sobre a cultura brasileira para os meus filhos, mas eu tenho que respeitar a cultura do país onde moro. É uma questão de princípios, de respeito. E desde que cheguei aqui, procurei assimilar e conhecer a cultura, aprender a língua e respeitar as leis”, pondera.

Economia e segurança nacional

Apontando o lado econômico, Peixoto defende que o governo não produz dinheiro, ele apenas o administra. “Quem produz dinheiro são os cidadãos pagadores de impostos. Se um imigrante recebe benefícios do governo sem pagar imposto, alguém acaba pagando por ele, é nisso que temos que pensar” analisa.

Ele defende a ideia dos EUA ser o país de oportunidades e pensa que cabe a cada um correr atrás de um salário melhor, de uma vida melhor. “Tem que se esforçar, estudar à noite, se qualificar para melhorar. Tem que progredir, não esperar pelo governo”, diz.

“O imigrante tem que buscar aprender e evoluir por si só, sem esperar pelo governo. Ele que corra atrás do feijão com arroz dele”, afirma.

Muçulmanos

Sobre os imigrantes muçulmanos, sobre os quais Trump tem levantado polêmica a defender a proibição da entrada dos mesmos no país, o brasileiro concorda com o candidato à presidência. Segundo ele, há um perigo acerca de uma cultura e religião totalmente diferentes e o embate que isso provoca.

“A gente não sabe nada sobre eles, muitos são terroristas radicais. É um cuidado com a segurança nacional. Eles são bem diferentes de nós, tanto no jeito de vestir quanto nos hábitos. Muitas vezes, sentem-se ofendidos pelas nossas mulheres irem à praia de biquíni, trabalharem e dirigirem, coisas não permitidas segundo a cultura deles. Então, o que eles vêm fazer aqui? Tentar mudar nosso jeito de viver?”, finaliza.