Por que seu filho não faz o dever de casa? - Pais & Filhos

Por Adriana Tanese Nogueira

Mais uma vez, seu filho “esqueceu” de fazer o dever de casa. Você fica brava. Já havia conversado com ele. Ele continua se esquecendo. Diz que ele é “preguiçoso” e lhe faz uma nova pregação a respeito de responsabilidade, tomando a si mesma como exemplo...

Diante deste e de outros problemas de comportamento das crianças, temos três abordagens possíveis. A primeira é aquela citada acima que vai da bronca à briga, da conversa à punição. Esta abordagem pode levar a criança a se sentir culpada sem por isso melhorar suas notas. Você pode chegar a aceitar que tem um filho que “não quer nada da vida” e irá ficar sem estudar mesmo. Afinal, há tanta gente que não estudou e mesmo assim se dá bem na vida, é só trabalhar duro... mas será que ele irá “dar duro”? Você não achava que ele era preguiçoso? Não sabendo como solucionar esse dilema, muitos adultos simplesmente param de pensar nele e esperam por dias melhores.

Na segunda abordagem, os pais percebem que seus métodos não estão funcionando e recorrem a um “especialista”: a/o psicóloga/o ou o/a counselor nos Estados Unidos. Aqui, encontramos a segunda e a terceira abordagem ao “problema de seu filho”.

A psicologia americana, ou psicologia do ego, é baseada no comportamentismo e no cognitivismo (e algumas variantes deles) e é a mais ensinada nas universidades. Ela funciona comparável à medicina alopática: você vai ao médico do plano e ele te dá um remédio para o sintoma que você apresenta. Trata-se de uma psicologia e de um tipo de medicina “organicistas”. Sua filosofia é a seguinte: o órgão está defeituoso, parou de funcionar direito: precisa ser consertado. Eis o remédio ou a receita para corrigir o erro.

A psicologia baseada nessa filosofia vê a criança como o médico vê o órgão doente: defeituoso. Na medida em que o paciente (os pais) se queixam de uma dor (o comportamento problemático da criança) eis que o órgão (a criança) apresenta algum erro de funcionamento. Para isso se faz a terapia: para que a criança entre no padrão de comportamento esperado pelos pais.

A terceira abordagem, que é psicanalítica, se parece com a medicina holística. A filosofia de ambas está baseada na crença de que se o órgão está doente é porque o sistema inteiro não está funcionando direito.

O médico homeopata (ou até mesmo os antigos e bons médicos de família) irá fazer uma série de perguntas ao paciente que englobam desde seu estilo de vida ao que come e a suas emoções e espiritualidade, o trabalho que faz, a postura física que costuma ter, sua infância e seus projetos para o futuro. A psicanálise holística e dialética não irá fazer um diagnóstico com base somente numa parte (a criança) do todo (família, escola e gruppo), mas irá buscar as raízes que produzem o comportamento indesejável. Tanto essa psicanálise como a medicina holística sabem que consertar um comportamento sem ir à origem do problema abrirá o caminho para o aparecimento de um novo comportamento indesejável porque o mal não foi curado na raiz.

Portanto, seu filho não faz o dever de casa?

Abordagem 1 Briga com seu filho; põe de castigo; explica mais uma vez, barganha.

Abordagem 2 Psicologia americana: monta esquema de treinamento para criar reforços positivos toda vez que a criança faz algo desejável e reforços negativos (punições) quando faz algo indesejável. Abordagem 3 Psicanálise holística e dialética: busca entender o que seu fiho está querendo dizer através desse comportamento, entendido como código a ser desvendado. Acredita na capaciade de superação da criança uma vez que suas necessidades profundas forem satisfeitas.