Powell critica a resposta dos EUA ao furacão Katrina

Por Gazeta Admininstrator

O ex-secretário de Estado americano Colin Powell, possível candidato a coordenar a ajuda às vítimas do Katrina, criticou nesta sexta-feira a resposta dada pelo governo americano à tragédia causada pelo furacão.

Em declarações que serão emitidas na íntegra no programa "20/20" da ABC News na noite desta sexta-feira, e que foram difundidas parcialmente, Powell afirma que "houve muitos erros em muitos níveis, local, estatal e federal. Ao longo do tempo, houve avisos suficientes sobre o perigo em Nova Orleans".

"Não se fez o suficiente. Não acho que se aproveitou o tempo que dispúnhamos, e a verdade é que não sei porquê isso ocorreu", afirmou o ex-secretário de Estado.

A lentidão no processo de resgate e ajuda às vítimas foi uma das acusações generalizadas contra o governo e sua gestão da crise deixada pelo furacão, que assolou os Estados de Louisiana, Mississippi e Alabama, e deixou centenas de mortos.

Na entrevista, Powell descartou que, apesar do que alguns sugeriram, o racismo não foi um fator na demora na hora de se dar assistência aos desabrigados que não saíram das zonas afetadas, em sua maioria pertencentes às camadas mais desfavorecidas da sociedade.

Em Nova Orleans, a maioria das pessoas que não puderam deixar a cidade era negra.

"Não acho que se tratasse de racismo, acho que foi uma questão de possibilidades econômicas dos afetados", disse o ex-secretário de Estado.

Ele disse ainda que quando se ordena uma retirada, como foi o caso de Nova Orleans, não se pode esperar que todos saiam por sua própria conta. "Há gente que não tem cartões de crédito, só uma em cada dez famílias nesse nível econômico em Nova Orleans tem carro", disse Powell.

"Portanto, não foi uma questão de raça; mas da pobreza que afeta de maneira desproporcional os americanos de origem africana neste país", acrescentou.

Durante sua passagem pelo governo do presidente George W. Bush, Powell foi o funcionário negro de mais alto escalão dentro da administração.

Seu nome é um dos mencionados para ocupar o possível posto de coordenador da ajuda e de reconstrução a longo prazo após o furacão.