Praça dos Heróis no DF - Cristovam Buarque

Por Cristovam Buarque

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Em 1996, o governo do Distrito Federal iniciou a implantação de um Bosque dos Heróis da Independência Latino-A, em frente ao Palácio do Buriti. Em pouco tempo foram colocados lá bustos de Salvador Allende, Miguel Hidalgo, Mustafa Kernal Atatürk, Gibran Khalil Gibran, Carlos Prestes, Che Guevara e outros.

Ao mudar o governo, em 1999, o Bosque dos Próceres foi abandonado e muitos dos bustos foram roubados ou depredados. Sobraram seis bustos: Allende, Atatürk, Gibran, José de San Martín, Simon Bolivar e José Martí. Sobraram também seis estruturas de concreto, sendo quatro sem bustos, uma com busto e sem nome, e outra com nome e sem busto.

Esta falta de respeito mostra como o bosque é importante para formar nossas crianças - adultos bem formados na infância não depredariam nem roubariam bustos de heróis. A ideia de então era levar crianças das escolas - públicas e privadas - para tomarem conhecimento daqueles personagens históricos, pois o futuro de um país se faz pelo conhecimento de sua história, de sonhos para seu futuro e pelo conhecimento e respeito aos países amigos. Isto é fundamental, sobretudo, quando atravessamos um momento em que pouca atenção tem sido dada ao passado ou ao futuro, por estarmos aprisionados no presente, nas artimanhas da política. Por isso, a importância de retomar o conceito quase perdido do Bosque dos Próceres, aumentando o número de placas e bustos e levando as crianças para visitar o local.

No sábado, dia 26, por iniciativa da Embaixada de Cuba, houve na praça homenagem ao 160° aniversário de nascimento de José Martí, poeta revolucionário, que foi o pai da independência daquele país. O governador não compareceu, mas lá esteve o secretário de Cultura, Hamilton Pereira, e o assessor Internacional do GDF, Odilon Frazão; e também a deputada Arlete Sampaio que, à época, era vice-governadora e teve papel decisivo na criação do Bosque dos Próceres da Independência.

Seria muito bom se eles conseguissem convencer o atual governador, nos meses que ainda lhe faltam, a retomar o bosque e a incluí-lo na programação educacional de nossas crianças.

Com este bosque voltado para os líderes mundiais, em frente ao Palácio do Buriti, e o Panteão da Pátria - uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer em homenagem a Tancredo Neves e aos nossos heróis -, em frente ao Palácio do Planalto, teríamos à disposição de todos os brasileiros um eixo de memória do passado e de reflexão para o futuro. *Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.