Preconceitos sempre encontram confirmação na realidade - Vive Bem

Por Gazeta News

A-essencia-do-preconceito

Quantas vezes acontece que o que se pensa nas entrelinhas das ideias “oficiais”, o que se teme e o que se almeja sem assumir, acaba casando com algum aspecto do cotidiano e, assim, encontrando confirmação? Ah, viu o que ele fez? Viu o que ela falou? Bem que eu estava desconfiado… O que queremos e o que tememos, sobretudo quando fica nas sombras, ganha comprovação quando alguma coisa que a gente dizia não querer que acontecesse de fato, acontece. É porque no fundo estávamos esperando por ela…

Na vida cotidiana, quando emoções subterrâneas e não transparentes se movimentam na alma, o julgamento pré-concebido dita a norma. Pré-conceitos nascem de convicções baseadas em raciocínios errôneos, fruto de experiências mal trabalhadas que, porém, deixaram a marca (como se fosse um sulco no terreno da psique). Quanto menos uma pessoa possui clareza interior, mais fortes e numerosos serão seus preconceitos. No lugar do conhecimento, está o pré-conceito, uma concepção pré-obtida, pré-existente a experiência atual.

Acontece, porém, que o pré-conceito, como um imã, atrai para si eventos da mesma tonalidade afetiva dele próprio. Assim, pessoas desconfiadas encontrarão pessoas inconfiáveis. E não sempre é evidente e simples, porque o pré-julgamento, na maior parte das vezes, funciona nas sombras, não é explícito e declarado. E oculto, o preconceito é incrivelmente mais eficiente.

Como funciona? Funciona de maneira muito simples: preconceitos monopolizam o foco, fazendo o olho bater naquilo que irá confirmar seu conteúdo. O ouvido ouve, o olho vê, o cérebro pensa em sintonia com o preconceito. A realidade que vemos já penetra em nossa mente interpretada conforme as lentes que a enxerga, e quem é o maestro d’orquestra que rege o tipo de música que será tocada? O preconceito.

O preconceito é um raciocínio falacioso. E é falho porque está fundamentado na interpretação errônea de fatos para que se acordem com um padrão emocional e cognitivo pré-existente. A menina apaixonada verá qualquer movimento do namorado como prova do amor dele, mesmo quando ele está assoando o nariz... mas foi no lenço que ela lhe deu! O homem ciumento terá provas da inconfiabilidade de sua esposa quando ela olha casualmente para o homem que passa pela avenida... porque ele está anunciando sorvetes! E assim em diante.

Como pulgas num clima quente e úmido, preconceitos se fortalecem e se reproduzem num ambiente culturalmente pobre, em consciências fracas e na ausência de autoconhecimento. Não é à tôa que Einstein disse: “É mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo”.

*Adriana Tanese Nogueira é psicóloga. www.ATNHumanize.com