Por: Letícia Kfuri
Pelo menos três brasileiros foram presos, em um prazo de cerca de um mês, em prédios federais na Flórida, pelo fato de não terem como comprovar a regularidade de seu status migratório no País. Um dos casos aconteceu no edifício da corte, em Fort Lauderdale, e os ou-tros dois no aeroporto Internacional de Miami. Por este motivo, aqueles que não tenham visto válido, não devem ir, sequer para acompanhar amigos, a prédios fede-
rais, a fim de evitar qualquer risco de prisão e deportação.
A recomendação é da equipe do advogado Kevin Glory, especializado em imigração. Um de seus clientes, um jovem de 19 anos, estudante da High School, que preferiu não ser identificado, na semana passada, foi à Corte de Fort Lauderdale acompanhar, em uma audiência de Imigração, a namorada, que entrou no País pelo México. Lá, foi abordado por um oficial da Corte, que perguntou se ele estaria esperando para ser chamado pelo Juiz. Diante da negativa, o oficial pediu sua identificação. “Ele apresentou uma carteira de motorista emitida no estado de Washington e o oficial, educadamente, pediu que o rapaz o acompanhasse até uma sala separada, e informou que ele estava preso”, conta o advogado Kevin Glory.
Segundo Glory, uma vez que o rapaz não tem nenhum processo pendente com a justiça norte-americana, seu destino deverá mesmo ser a deportação. “A saída será pedir a deportação voluntária, que evita que ele seja impedido, por prazo de cinco anos, de entrar novamente no País. Além disso, a detenção e a deportação não ficarão em seus records”, explica.
Ele lembra ainda que dois outros clientes seus, brasileiros, foram presos recentemente no aeroporto Internacional de Miami. Um deles, que estava no carro aguardando a saída do amigo, foi abordado por um policial que pediu a ele a carteira de motorista. “Ele estava no celular conversando, e não viu o policial pedindo que ele retirasse o carro. O policial se irritou, perguntou se ele não estava escutando, e pediu sua identificação. Ele apresentou uma carteira internacional de habilitação. O policial desconfiou de seu status e o encaminhou a um oficial de imigração, que o prendeu ”, conta Glory. O rapaz permanece preso e, provavelmente será deportado.
O outro brasileiro que o acompanhava também foi preso por estar irregularmente no País, mas foi liberado porque aguarda decisão judicial de processo com base na lei 245 de 2001, conhecida como Lei do Perdão, e que previa a legalização de qualquer indocumentado que conseguisse um sponsor (empregador que se responsabilize pelo imigrante). Ele foi liberado após pagar 10% do valor de sua fiança, fixada em $50 mil.
Embora tenha base legal, tal tipo de prisão não era considerada rotina até então. O advogado Kevin Glory orienta que, na medida do possível, os imigrantes indocumentados não entrem em dependências federais, a exemplo de cortes, órgãos públicos de maneira geral, aeroportos e, até mesmo escritórios do Department of Motor Vehicles (conhecidos como Driver’s Licences). “Nossa orientação é que quem não tem documentos não deve se arriscar a ir a órgãos do governo e aeroportos”, disse Glory. Ele esclarece, no entanto, que aquele indocumentado que, por exemplo, receber uma multa, não deve deixar de resolver o problema com medo de comparecer à corte. “Se levou multa, tem que ter um advogado para representá-lo”, conclui Glory.

