Presidente do Iraque confirma plebiscito para Constituição

Por Gazeta Admininstrator

O presidente do Iraque, Jalal Talabani, afirmou que a minuta de Constituição do país será submetida ao plebiscito da forma que foi apresentada neste domingo ao Parlamento, apesar da oposição sunita, que pediu a intervenção da ONU e da Liga Árabe para evitar a aprovação do texto.

Talabani afirmou que "a Constituição está pronta e será apresentada ao povo iraquiano", e disse que a consulta popular será realizada em 15 de outubro, como estipulado pelo calendário da transição promovido pelos Estados Unidos.

O presidente do Iraque pediu que a população apóie a minuta da Constituição, e expressou sua "esperança" de que o povo aceite o texto. Em breves declarações em Bagdá, Talabani também manifestou seu otimismo e segurança de que a minuta "cumpra as aspirações de todos os iraquianos".

Sobre o fato de que a Constituição, caso seja aprovada, possa sofrer emendas no futuro, o presidente deixou aberta a possibilidade ao dizer que "não há livro completo que não possa ser emendado, exceto o Corão".

O presidente iraquiano lembrou que a rejeição dos árabes sunitas à minuta apresentada "é parte da democracia", acrescentando que, "se o povo não a aprovar, uma nova Constituição será elaborada".

Oposição sunita
As declarações de Talabani aconteceram poucos minutos após os árabes sunitas terem pedido a intervenção das Nações Unidas e da Liga Árabe para evitar a aprovação da minuta da Constituição. O pedido foi feito em comunicado lido pelo xeque Abdulnaser al-Janabi, um dos 15 membros sunitas da Comissão Constitucional.

"Pedimos à ONU, à Liga Árabe e a todas as organizações da comunidade internacional que intervenham para impedir que o texto seja referendado, e para regular o claro transtorno existente nele", disse Al-Janabi, acompanhado pela maioria dos sunitas da Comissão.

O xeque acrescentou que "anunciamos nosso desacordo e rejeição aos artigos contidos na minuta, por isso esse texto perde legitimidade".

"Sem levar em conta o que aconteça devido ao texto constitucional, nós continuaremos sendo parte vital do processo político, por isso participaremos efetivamente das próximas eleições", disse o representante sunita.

Saleh al Mutlaq, outro membro sunita da Comissão Constitucional, adiantou que convocarão um congresso nacional das diferentes forças políticas opostas ao texto apresentado hoje.

Identidade árabe
Além disso, Mutlaq ressaltou que os sunitas não rejeitam todos os artigos da minuta da Constituição, mas "alguns pontos essenciais que se referem à unidade do Iraque e à preservação de sua identidade árabe".

Mutlaq advertiu que, se o projeto de Constituição for assinado "contra a vontade do povo", a violência aumentará no país, e caso se vote contra ele, "o processo político será atrasado".

Os deputados do ex-primeiro-ministro iraquiano xiita laico Iyad Allawi, do Partido Comunista e representantes do clérigo radical xiita Moqtada Al Sadr também registraram no Parlamento suas "objeções" em relação à minuta.

"Estas objeções pretendem ajudar a superar os pontos de divergência (sobre a minuta) para chegar ao objetivo planejado: construir um Iraque independente e unificado", disse o parlamentar Rasem al Auadi, do bloco de Allawi.

Federalismo e direitos das mulheres
Embora Auadi não tenha indicado a natureza das objeções registradas por seu grupo, fontes ligadas ao ex-primeiro-ministro disseram que se referem ao federalismo, promovido por xiitas e curdos.

O deputado Hamid Mayid Moussa, do Partido Comunista, especificou que as restrições de seu bloco têm a ver com os direitos da mulher.

O xeque Fatah al Sheikh, próximo ao clérigo Moqtada Al Sadr, disse que os 25 deputados de seu grupo registraram na Câmara suas objeções com relação ao terceiro artigo do texto constitucional, que se refere à identidade árabe do Iraque.