Presos donos de empresa de remessas

Por Gazeta Admininstrator

Por: Letícia Kfuri.

Agentes do US Marshalls Service detiveram, na sexta-feira(29), o proprietário e presidente da empresa de remessas Vionaldo Express, localizada em Pompano Beach, Vionaldo Glória e seu filho, Christiano L. Glória, vice-presidente da empresa. No caso de Vionaldo, uma vez que as investigações são conduzidas por um órgão federal, as informações sobre as acusações que pesam contra ele são sigilosas, conforme legislação federal.

Já Christiano, foi detido por agentes do escritório do xerife de Broward (Broward Sheriff Office-BSO). De acordo com a página do BSO, na internet, pesam contra Christiano 117 acusações, a maioria de suspeita de envio irregular de dinheiro. As demais acusações são de racketeering violation (crime federal de conspiração para organização com fins de cometer crime), fraude de lavagem de dinheiro de montante igual ou superior a $100 mil.

O valor total imposto para o pagamento das fianças foi de $151 mil. Para duas das acusações contra Christiano, no entanto, não foi imposta fiança. De acordo com advogados consultados pelo Gazeta, em casos como este, o acusado tem que aguardar detido o julgamento de tais processos.

A família de Vionaldo foi procurada pela reportagem do Gazeta, mas não quis comentar o episódio. Vionaldo e o filho são, respectivamente, presidente e vice-presidente de três empresas, de acordo com a Divisão de Corporações do Departamento de Estado da Flórida: Vionaldo Check Cashing, Vionaldo Express e Vionaldo Travel. Não há informações sobre em qual das empresas as atividades praticadas estão sendo investigadas.

Vionaldo Gonçalves Glória é um dos mais conhecidos empresários da comunidade brasileira no Sul da Flórida. Chegou aos Estados Unidos, pela primeira vez em 1968, onde viveu por cerca de dez anos. Depois de passar dois anos no Brasil, retornou para os EUA, fixou residência na Flórida e fundou a empresa Vionaldo Express, em 1992, inicialmente, voltada para a venda de produtos brasileiros, passagens e jóias.

Cerca de cinco anos depois, Vionaldo comprou a empresa GD, voltada para transferência de remessas para o exterior, principalmente, para o Brasil. Na ocasião, Vionaldo fez o seguinte comentário para um jornal brasileiro da região. “Comprar a GD foi interessante porque trouxe comigo toda a equipe, já treinada, e as licenças para operar neste segmento, concedidas pelas autoridades bancárias americanas”.

A empresa dedica-se à remessa de valores para o exterior e, também, à atividade de check cashing (troca de cheques), igualmente autorizada pela legislação norte-americana.

Remessas
No estado da Flórida, desde 1996, a atividade de envio de remessas de valores para o exterior passou a ser mais detalhadamente regulada. Todo envio de valores tem, necessariamente, que ser acompanhado de declarações periódicas de movimentação de dinheiro às autoridades reguladoras. Após os atentados de 11 de setembro de 2001, as normas tornaram-se ainda mais rígidas. Inúmeros bancos foram severamente multados por não implementarem normas rígidas de controle de suas remessas. Surge, então, a figura do oficial de compliance, uma espécie de auditor interno, obrigatoriamente contratado pela empresa de remessas, que tem a atribuição de averiguar todos os deta-lhes para evitar que seja realizada alguma remessa considerada “suspeita”.

Embora a legislação norte-americana não tenha fixado nenhum limite de valor de remessa considerado “razoável”, cabe a este oficial de compliance verificar se o valor enviado é compatível com o remetente, ou se a remessa é considerada suspeita.

Check Cashing
A atividade de check cashing é igualmente regulada por autoridades estaduais e federais. No âmbito estadual, a regulamentação é feita pelo Estatudo da Flórida. Na esfera federal, pelo Departamento de Bancos, por intermédio do Financial Claim Enforcement, que tem poderes de polícia sobre tais empresas. Também o Internal Revenue Service (IRS) regulamenta tais atividades.

De acordo com a lei, a troca de cheques corporativos (de empresas) com valores superiores a $10 mil, em dinheiro vivo, tem que ser notificada ao IRS. É o Currency Transaction Report. Assim, o fisco norte-americano tem como saber da movimentação, e cobrar o imposto devido a quem recebeu o dinheiro.

Uma das acusações que pesam contra Christiano é a de Fraud Structure Violantion Transaction, em valor igual ou superior a $100 mil. Isso significa dizer que as autoridades suspeitam que, para não levantar suspeitas de troca de cheque com valor igual ou superior a $100 mil, a operação tenha sido dividida em várias transações inferiores a $10 mil e comunicada desta forma ao IRS.

Funcionamento
Na segunda-feira(1), três dias após a detenção de Vionaldo e Christiano, um aviso postado na porta da loja informava que, por causa do feriado do Dia do Trabalho, e loja permaneceria fechada, e que retornaria às atividades normais na terça-feira(2).