Primeira brasileira a ser extraditada pode ir para o corredor da morte nos EUA

Por Gazeta News

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[caption id="attachment_126280" align="alignleft" width="300"] Cláudia, que é acusada de matar o marido a tiros, está presa Brasília desde abril de 2016.[/caption]

A carioca, Cláudia Cristina Sobral, de 52 anos, viveu nos Estados Unidos por mais de 20 anos e pode se tornar a primeira brasileira a ser extraditada para cumprir pena nos Estados Unidos. Se condenada, Cláudia poderá pegar prisão perpétua ou pena de morte por injeção letal, conforme a legislação de Ohio, onde o crime ocorreu.

Cláudia é acusada por homicídio qualificado do marido, o ex-piloto da Aeronáutica americana, Karl Hoerig, morto com dois tiros na nuca e um na parte de trás da cabeça, em março de 2007, em Ohio. Depois da execução, ela teria fugido para o Brasil, onde passou nove anos em liberdade até ter sido presa em abril deste ano.

A brasileira não assume que cometeu o crime, mas tornou-se a principal suspeita por ter fugido para o Brasil no mesmo dia em o marido foi assassinado, por ter comprado uma arma igual à que efetuou os disparos e aprendido a atirar dois dias antes do crime. Ela também teria transferido o dinheiro do marido para sua conta.

Presa desde abril, Claudia pela primeira vez concedeu uma entrevista que foi transmitida pelo programa Domingo Espetacular, da Rede Record, no último dia 18. Ela não confessou ser a autora do crime, mas disse que sofria violência doméstica.

A brasileira afirmou que o marido a obrigou a fazer três abortos porque não queria filhos. “Toda mulher sonha com um príncipe, imagina se esse também não era o meu sonho. Um americano alto, bonito, atrante, toda mulher quer casar com seu príncipe. (…) Eu estava com quarenta anos e desesperada para casar e ter filhos. Ele me tratava como uma prostituta. Eu não fui tratada como uma esposa e não foi me dado o direito de ser mãe. Cada vez que eu engravidava eu era obrigada a abortar. Eu engravidei três vezes (…). O abuso me levou a duas tentivas de suicídio e eu fui internada em um manicômio por causa da depressão”, disse. Claudia afirmou que ser obrigada a fazer o terceiro aborto foi o estopim, mas sem afirmar que cometeu o crime.

Perda da nacionalidade Cláudia se naturalizou americana em 1999. Seu caso foi parar no Supremo Tribunal Federal porque, de acordo com o Ministério da Justiça, ao se naturalizar americana ela automaticamente renunciou a nacionalidade brasileira, conforme os termos do artigo 12, parágrafo 4º, inciso II, da Constituição Federal ("§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II - adquirir outra nacionalidade por naturalização voluntária").

Segundo o MPF, não houve imposição a Claudiade naturalização norte-americana para a permanência nos EUA ou para o exercício de direitos civis. "Ao contrário, a naturalização foi adquirida em decorrência deconduta ativa e voluntáriae por meio de procedimento específico, com o objetivo de integrar-se àquela sociedade e àquele Estado, fato que a levou em28 de setembro de 1999a tornar-se nacional dos Estados Unidos da América.Em etapa do procedimento norte-americano para a aquisição da cidadania norte-americana, a impetrante declarou, sob juramento, que:

'ATRAVÉS DESTE DECLARO, sob juramento, que eu absolutamente e inteiramente renuncio e recuso qualquer lealdade e fidelidade a qualquer principado, potestado, estado ou soberania estrangeiros a quem ou ao qual eu tenha anteriormente sido um cidadão ou sujeito de direito; que eu vou apoiar e defender a constituição e as Leis dos EUA contra todos os inimigos, estrangeiros e domésticos; que eu vou manter uma verdadeira fé e lealdade a este país; que eu vou usar armas em nome dos EUA quando determinado pela Lei; que eu vou realizar serviços de não combatente para as forças armadas dos Estados Unidos quando determinado pela Lei; que eu vou realizar trabalho de importância nacional, sob ordens civis quando determinado pela Lei; e que vou tomar esta obrigação livremente sem qualquer reserva ou dúvida ou propósito de não fazê-lo; ASSIM QUE DEUS ME AJUDE.'"

No dia 4 de julho de 2013, foi declarada, através de uma portaria do Ministério da Justiça, a perda de sua nacionalidade brasileira e, no dia 1º de julho deste ano, um pedido de Habeas Corpus, feito pelo advogado de Cláudia, foi negado pelo STF.

Claudia se encontra presa em uma penitenciária em Brasília (DF) desde abril, mas, na condição de estrangeira, está prestes a ser extraditada para responder ao processo nos EUA. Ainda não há data para a sua vinda.

Em abril desse ano, o irmão de Karl, Paul Hoerig, afirmou em entrevista ao G1, que a extradição de Cláudia será um grande passo para ambos os países, e principalmente para a família e amigos, que buscam justiça pela morte do piloto. Ele diz que nunca ficou claro porque esse processo demorou tanto tempo, já que Cláudia renunciou da cidadania brasileira e se naturalizou americana em 1999.

“Todos nós queremos justiça e acreditamos que ninguém quer um assassino vivendo livre. Esta é uma vitória para os cidadãos honestos do Brasil e dos EUA. Espero que nenhuma família tenha que passar por isso. Karl era um homem bom, com uma vida promissora pela frente. Ele merece justiça”, disse Paul.

Matéria editada às 2:31pm.