O primeiro americano condenado à morte a ser declarado inocente através de testes de DNA, em 1993, depois de passar nove anos na prisão, agora é um ativo militante contra a pena de morte nos Estados Unidos. As informações são da “France Presse”.
Kirk Bloodsworth foi injustamente acusado do estupro e cruel assassinato de uma menina de nove anos, em Maryland. Ele tinha 23 anos quando foi detido, em 1984, em seu bairro de Baltimore, onde foi assassinada a pequena Dawn Hamilton. Ele foi condenado com base no depoimento de testemunhas oculares que a ciência acabou desmentindo.
Hoje, com 52 anos, Kirk conta que foi preso sem qualquer semelhança com o verdadeiro assassino, Kimberly Shay Ruffner, a não ser o fato de ter um bigode, sendo que o seu era ruivo e curto e o do culpado louro e comprido. "O retrato falado parece com o meu vizinho Kirk": foi assim que tudo começou, e foi essa declaração que o levou para a prisão.
Detido na prisão de Maryland, Kirk teve a ideia de apelar para um exame de DNA quando já estava há cinco anos preso, enquanto lia o livro de Joseph Wambaugh, "The Blooding", que conta como foi usada essa nova técnica para prender o assassino de adolescentes inglesas. Mas a mostra extraída do DNA do esperma realizada na pequena Hamilton teria sido destruída por descuido, segundo a promotoria na ocasião. A perseverança de seu advogado e ajuda de um funcionário da justiça permitiram que uma mostra fosse encontrada. E, em 28 de junho de 1993, Kirk saiu da prisão como "um homem livre".
Depois de receber o perdão do governador de Maryland e $300 mil dólares como indenização por seus anos perdidos ("o que equivale a $3,72 dólares por hora"), decidiu iniciar uma campanha pela abolição da pena de morte nos Estados Unidos. Kirk agora dá conferências e defende na ONU uma campanha pela abolição universal da pena de morte.