Prisão de bispos preocupa evangélicos da Flórida

Por Gazeta Admininstrator

A prisão dos bispos Estevam e Sônia Hernandes, que aguaram audiência marcada para a próxima quarta-feira, 24, estaria preocupando a comunidade evangélica brasileira na Flórida, segundo matéria publicada no jornal Miami Herald desta sexta-feira.

"Vários pastores que estão fazendo um trabalho sério na Flórida serão afetados. No Brasil, muitas igrejas maiores são construídas em torno do líder e têm apenas uma pessoa controlando o dinheiro", afirmou o pastor Silair Alemeida, da Primeira Igreja Batista Brasileira no Sul da Flórida ao jornal. Ele teme que outros religiosos sejam perseguidos por conta do caso dos bispos da Renascer.

Também em entrevista ao Miami Herald, o presidente da Associação de Pastores Evangélicos da Flórida, Moisés Monteiro, lembra que "sempre vai haver bons pastores, que trabalham honestamente, e maus pastores, desonestos".

O jornal diz que tentou entrevistar o advogado dos Hernandes na cidade, sem sucesso. O casal também teria mudado o telefone da casa que possui em um condomínio de luxo em Boca Raton, avaliada em US$ 720 mil.

Prisão
Eles foram presos ao tentar entrar na Flórida com US$ 56,5 mil e ter declarado apenas US$ 10 mil às autoridades alfandegárias. O casal deixou na quarta-feira, 17, o Federal Detention Center (FDC) - prisão em Miami onde, durante nove dias, dividiram celas com detentos federais. Funcionários de imigração disseram ao Estado em Miami, que ele foi para o Krome Detention Center e ela foi para uma prisão na região de West Palm Beach.

O casal foi separado porque Krome é destinado apenas a imigrantes do sexo masculino. Porém, os novos endereços dos Hernandes não alteram sua situação processual. Por causa da audiência, eles continuam sob custódia e, até lá, não poderão ser liberados.

Com a mudança, os dois conseguiram ir para lugares com regras menos rígidas, mas perderam na qualidade das instalações e da alimentação. Conforme definição usada por um agente do FBI destacado para o caso, Estevam Hernandes trocou “um hotel 4 estrelas por outro bem pior, de 2 estrelas”.

Extradição
O Ministério da Justiça recebeu na quarta-feira o pedido de extradição, enviado pela 1ª Vara Criminal de São Paulo. Pela tramitação definida na lei, cabe agora ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, solicitar a extradição ao Ministério das Relações Exteriores - que deverá remetê-lo em nome do governo brasileiro às autoridades americanas.

A defesa do casal entrou com pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo contra o pedido de extradição. Se ela for mantida, os Hernandes voltarão ao Brasil após resolver suas pendências com a Justiça americana e serão presos, por causa de uma ordem de prisão decretada pela 1ª Vara Criminal.

Cronologia do caso
1 de setembro: Justiça acolhe denúncia de estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica contra o casal Hernandes e mais dois membros da igreja. Determinado o seqüestro de suas contas e bens.

15 de setembro: Em um depoimento na Justiça, os acusados negam as denúncias, alegando manter negócios no mesmo endereço e CPF da Renascer por serem “empreendedores”.

23 de outubro: O Ministério Público acusa o casal de usar a igreja como fachada para atividades criminosas. Um pedido de prisão é aceito em primeira instância, mas revertido pelo STJ.

9 de janeiro: O casal é preso no aeroporto de Miami com dinheiro escondido na bagagem, inclusive em uma Bíblia. Após nove dias em prisão federal, são transferidos para uma cadeia de imigrantes.