Prisão de imigrantes expõe problemas trabalhistas

Por Gazeta Admininstrator

Ao inspecionar uma fábrica de processamento de comida kosher em maio, agentes do serviço de imigração detiveram 389 imigrantes ilegais, sendo 20 menores de idade, alguns com apenas 13 anos. Agora, esses jovens imigrantes começam a contar aos investigadores a respeito de seus traba-
lhos. Alguns disseram que trabalhavam em turnos de 12 horas ou mais, manipulando facas afiadas e serras para talhar carne fresca em bifes.

Outros trabalhavam durante a noite, algumas vezes, seis noites por semana. Elmer L. conta que começou na fábrica aos 16 anos, com turnos de 17 horas, seis vezes por semana.

Testemunhos
O resultado das prisões acabou ajudando os investigadores trabalhistas com novas evidências, surgidas a partir do testemunho dos imigrantes ilegais detidos, adultos e adolescentes.

Nos depoimentos, os imigrantes descreveram o cotidiano de infrações trabalhistas na fábrica, testemunho que, segundo juristas, pode resultar em acusações criminais contra executivos da Agriprocessors.

Sem trabalho e enfrentando processos de deportação, muitos dizem que não têm nada a perder ao falar sobre as condições de trabalho na fábrica. Aos investigadores, afirmaram que era rotina do lugar começar a trabalhar sem qualquer treinamento de segurança, além de longos turnos sem hora extra ou pausa para descanso.

Os menores afirmaram que seus chefes sabiam de sua idade. Devido aos riscos da atividade, a legislação de Iowa proíbe a companhia de contratar menores de 18 para o setor de processamento de carnes.

A Agriprocessors afirmou em nota que não empregou menores de 18 anos e que despediria qualquer menor que tivesse apresentado documentos falsos para o emprego. O Departamento do Trabalho do governo federal, a Divisão de Serviços Trabalhistas de Iowa e a Procuradoria-Geral do Estado anunciaram que vão trabalhar conjuntamente na investigação das acusações de trabalho infantil.

Até agora, 297 imigrantes ilegais da operação de maio foram condenados por fraude de documentos e outras acusações criminais, a maioria sentenciada a cinco meses de prisão antes da deportação.

Menachem Lubinsky, porta-voz da Agriprocessors, disse que a companhia não comentaria sobre investigações em andamento.