Prisão de Miami é processada por prender mulher em cela com 40 homens

Por Gazeta News

mulher-presa-site
[caption id="attachment_126052" align="alignleft" width="211"] A advogada passou cerca de 10 horas numa cela com homens e foi ameaçada de estupro. (Foto: Twitter/José Pichardo)[/caption]

A advogada dominicana Fiordaliza Pichardo de Veloz está processando em US$ 750 mil dólares o sistema penitenciário de Miami, por ter sido confundida com um homem e enviada a uma cela masculina em 2013.

Fiordaliza Pichardo é mãe de três filhos, foi presa em novembro de 2013 por um crime vinculado ao narcotráfico e ficou em uma cela com 40 homens que a intimidaram e a ameaçaram de estupro durante dez horas.

De acordo com o processo apresentado nesta semana em um tribunal federal de Miami, uma avaliação médica feita na época por três enfermeiros do Departamento de Correção e Reabilitação de Miami-Dade determinou que Pichardo era um homem, que tinha "características de homem não tradicionais", o que deteminou sua prisão.

Depois, três oficiais da prisão a reclassificaram como homem, dado que inicialmente havia sido identificada como mulher, e ordenaram sua transferência a uma cela masculina.

"Após o 'exame' realizado por uma enfermeira do condado de Miami-Dade, foi determinado que Pichardo tinha órgãos reprodutores masculinos e foi enviada a uma instalação de homens. Esta identificação foi escandalosamente errônea", escreveram os advogados no processo.

"Pichardo é muito feminina e não tem qualquer característica que possa remotamente confundi-la com um homem", acrescentaram.

Ao ser confinada em uma cela com outros 40 réus, foi submetida a ameaças, abusos e possíveis estupros. De acordo com o processo, um oficial da prisão lhe disse em espanhol quando a prendeu: "Sorte se te vir viva amanhã".

Depois, se viu forçada duas vezes a que a examinassem e fotografassem suas partes íntimas. Finalmente, foi enviada a uma cela solitária, onde temeu por sua vida quando os guardas homens a obrigaram a se despir, a olharam de forma desrespeitosa e a fotografaram de forma vexatória.

Cerca de dez horas depois desta experiência, as autoridades penitenciárias reavaliaram seu caso e reconheceram seu erro.

"Pichardo continua sofrendo angústia emocional, medo por sua vida, desesperança, medo por sua segurança e medo de ser estuprada", declara o processo. Além disso, a advogada, que é funcionária pública e já foi vereadora na cidade de Bonao, foi humilhada após a divulgação de sua experiência, completa o texto.

Sob as acusações de privação de seus direitos constitucionais, negligência e violação da privacidade, Pichardo pede uma indenização de US$ 750 mil. Ao longo de alguns meses, as autoridades retiraram as acusações e a mulher voltou à República Dominicana, onde reside.

Fonte: AFP e G1