Prisão e deportação de indocumentados quase dobra na Flórida

Por Gazeta News

ICE miami divulgação

Acompanhando o aumento nacional, as prisões de imigrantes indocumentados quase duplicaram na Flórida. Dados da agência do U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE) em Miami revelam que 6.192 pessoas foram levadas sob custódia este ano na Flórida, Porto Rico e nas Ilhas Virgens, quase o dobro dos 3.524 do ano passado, segundo dados divulgados na terça-feira, 5.

As deportações também aumentaram em 20%. De acordo com os dados, a agência do ICE Miami registrou 7,1 mil remoções este ano em comparação com 5,600 no ano passado. As prisões de indocumentados em Miami tiveram em declínio desde 2011, ano com maior número de detenções, cerca de 15.700 prisões.

De acordo com estimativa do Pew Research Center, a Flórida tem 850 mil imigrantes indocumentados. Os dados são de 2014 (último ano disponível), quando foram contabilizados 11,1 milhões de imigrantes indocumentados vivendo nos EUA.

Michael Meade, o diretor interino da agência de Miami, apontou que o pedido do presidente Donald Trump em 25 de janeiro foi a força motriz por trás do levantamento. O ICE tem priorizado a apreensão de imigrantes indocumentados com histórico criminal e aqueles que vieram para os EUA depois de janeiro de 2014.

O aumento também reflete o aumento a nível nacional - os registros do relatório do ano fiscal de 2017 do ICE mostram que 143.470 imigrantes indocumentados foram presos neste ano, número acima dos 110.104 detidos em 2016.

Deportação de brasileiros é quase o dobro em 2017

Kelsey Burke, um advogado especializado em “personal injury” de West Palm Beach alerta que o aumento das detenções abre espaço para que as pessoas sejam discriminadas e aumenta também o índice de violência e abusos. Segundo o advogado, o número de clientes que não seguem com a denúncia de violência doméstica por receio de ir ao tribunal e depois serem detidos por agentes de imigração aumentou. "Há um medo legítimo por aqui", disse Burke, que imigrou para os EUA de Honduras quando tinha 10 anos.

Jessica Shulruff Schneider é diretora de programas de detenção dos Americans for Immigration Justice, com sede em Miami, um escritório de advocacia sem fins lucrativos que ajuda os imigrantes indocumentados a obter ajuda legal para permanecer no país, e ressalta que houve uma nítida mudança no tipo de pessoas que acabam sob custódia pela imigração. “São pessoas que viveram no país durante a maior parte de suas vidas”, declarou.

Cidades que apoiam imigrantes

Enquanto isso, alguns governos locais adotaram medidas de apoio aos indocumentados, colocando as cidades como "acolhedoras" ou "santuárias", como é o caso de West Palm Beach, que em março aprovou uma ordem de "cidade acolhedora", que impede os funcionários da cidade de ajudar a investigar o status de cidadania de um residente ou exigir a divulgação de tais informações. Já Boynton Beach negou uma proposta similar nesta semana e Miami-Dade preferiu por não correr o risco de ir contra a ordem de Trump e passou a cooperar com agentes federais.

No início deste ano, o presidente Donald Trump ameaçou reter algum financiamento de cidades que se recusaram a colaborar com agentes de imigração. Entre idas e vindas, a ordem executiva foi bloqueada por um juiz federal da Califórnia.

Esta semana, O Department of Homeland Security divulgou relatório com os números de deportações e prisões no ano fiscal de 2017. Com informações do Sun Sentinel.